Em meio à expectativa pela divulgação de um documento em defesa do equilíbrio entre os Poderes, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse que entidades como a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) –que participam da elaboração do texto– são pilares da “nossa civilização”.
“A Febraban, mais a Fiesp, que estão liderando esse movimento, são daquelas que eu considero o pilar da nossa civilização. São entidades da sociedade civil, com representatividade, e que consequentemente elas têm que sempre fazer valer às pessoas que foram eleitas por eles, o pensamento deles e as necessidades para que haja uma harmonia maior, vamos dizer, e uma comunhão de esforços e interesses entre os encarregados de governar, legislar, e o restante da nação”, disse Mourão, ao chegar em seu gabinete, em Brasília.
O manifesto deve ser endossado por uma frente empresarial ampla, não apenas pela Febraban e Fiesp.
A participação da Febraban na articulação, no entanto, atraiu forte oposição da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, a ponto de as duas instituições ameaçarem deixar a entidade.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, tentou deter a adesão institucional do setor bancário ao texto. Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil, apoiou a posição da Caixa, elevando a pressão dentro da Febraban até que a divergência se tornou pública no sábado (28).
Os bancos públicos argumentam que não podem permanecer numa entidade que age como partido político e se opõe ao seu acionista, o governo.
Apesar da expectativa de que o manifesto tenha uma linguagem neutra, a defesa do equilíbrio entre os poderes é uma referência ao presidente Bolsonaro.
Nas últimas semanas, ele disparou ataques contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Em resposta, o presidente do tribunal, Luiz Fux, cancelou uma reunião prevista entre os chefes dos Poderes.
O encontro vinha sendo costurado para tentar pacificar a relação do Planalto com o Judiciário.
Apesar de apelos por moderação, Bolsonaro apresentou um pedido de impeachment no Senado contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Questionado nesta segunda se há perspectiva de uma estabilização da relação entre os Poderes, Mourão disse apostar num distensionamento com o tempo.
“Eu não vejo que haja… Há uma retórica daqui pra lá, de lá pra cá. Nós temos as nossas visões, as nossas propostas, muitas vezes entram em choque com outras visões. Eu vejo que o tempo é o senhor da razão, ele vai distensionando as coisas”, afirmou. (Politica Livre)