O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou quatro policiais militares envolvidos nas mortes de 3 moradores da Gamboa, em Salvador, por alterar o local onde os crimes aconteceram. A informação foi divulgada pelo órgão nesta segunda-feira (19).
Em novembro do ano passado, o MP já tinha denunciado três policiais militares pelos assassinatos. Alexandre Santos dos Reis, Cléverson Guimarães Cruz e Patrick Sousa Sapucaia, que era adolescente, foram mortos no dia 1º de março de 2022.
O órgão trata o caso como crime de fraude processual. Segundo a denúncia oferecida no último dia 16, os cabos da PM Tárcio Oliveira Nascimento, Thiago Leon Pereira Santos, Lucas dos Anjos Bacelar Dias e Marinelson Mendes Alves da Cruz “alteraram, substancialmente, a cena do crime em diversos momentos, objetivando apagar os rastros dos homicídios”. No entanto, apenas os três primeiros respondem pelos assassinatos.
A alteração teria sido realizada após a “execução” das vítimas. Com base nas investigações e laudos periciais da reprodução simulada dos crimes, a denúncia aponta que os policiais “plantaram” armas de fogo, como se estivessem em posse das vítimas, e lavaram, utilizando vassoura, baldes e água de casas da comunidade, as poças de sangue deixadas em uma escadaria da Gamboa de Baixo, onde de fato foram atingidos Alexandre e Patrick.
É apontado também que os policiais retiraram os corpos dos três rapazes de uma casa abandonada, já sem vida, colocaram eles em lençóis e os encaminhando ao Hospital Geral do Estado (HGE).
Conforme a investigação, o objetivo era sustentar a versão de que os policiais teriam sido “recebidos a bala” quando passavam pela Avenida Contorno, iniciando a perseguição das vítimas até a casa abandonada, onde teria ocorrido confronto armado, seguido do socorro dos militares.
“Todavia, as provas técnicas produzidas refutam as versões dos policiais e comprovam que as cenas dos crimes foram alteradas dolosamente”, afirma a denúncia.
Na denúncia, foi pedido à Justiça o afastamento cautelar dos PMs do policiamento ostensivo durante 180 dias e a proibição deles terem acesso à Gamboa e manterem contato com testemunhas e familiares das vítimas até o final da instrução processual. (iBahia)