Mulheres trans na Itália agradecem ao Papa Francisco por fazê-las sentirem ‘mais humanas’

Papa Francisco recebeu população neste domingo (19) para o almoço do Dia dos Pobres; conservadores questionaram o pontífice sobre a população LGBT no mês passado.

Foto: Andreas Solaro/AFP

A cidade costeira de Torvaianica, na Itália, fica cerca de 35 km ao sul do Vaticano, mas para as mulheres transgênero que moram lá, a cidade parecia estar a anos-luz de distância, até que houve uma aproximação com a Igreja Católica, iniciada durante o isolamento da Covid-19, e que resultou em um convite para almoçar com o papa Francisco neste domingo (19).

Claudia Victoria Salas, de 55 anos, e Carla Segovia, de 46, ambas argentinas, estavam em um grupo de pessoas transgêneros entre as cerca de 1.200 pessoas desfavorecidas e sem moradia que participaram do almoço no Dia Mundial dos Pobres.

Para sua surpresa, Salas, que é uma ex-profissional do sexo, estava sentada logo em frente ao papa, que também é argentino, na mesa principal do auditório, onde o pontífice realiza suas audiência gerais durante o inverno.

“Nós, pessoas trans, nos sentimos um pouco mais humanas, porque o papa Francisco nos levar para perto da Igreja é uma atitude linda”, disse Carla Segovia, uma profissional do sexo, na cidade de Torvaianica. “Porque precisamos de um pouco de amor.”

Na semana passada, o gabinete doutrinal do Vaticano emitiu um comunicado dizendo que pessoas trans podem ser padrinhos e madrinhas em batismos católicos, testemunhas em casamentos religiosos e serem batizadas.

Francisco, que tem 86 anos, tem tentado tornar a Igreja mais acolhedora à comunidade LGBT sem alterar os ensinamentos da Igreja, incluindo a afirmação de que a atração pelo mesmo sexo não é pecado, mas realizar atos, sim.

No auge da pandemia de Covid-19, o padre Andrea Conocchia, da paróquia da Bem-Aventurada Virgem Imaculada em Torvaianica, ajudou a comunidade transgênero com alimentos e outras formas de assistência.

Os recursos da paróquia estavam sobrecarregados na época devido ao fato de muitas pessoas estarem sem renda, então Conocchia pediu ajuda ao cardeal responsável pelas obras de caridade do papa. Além de enviar dinheiro, o cardeal providenciou que as pessoas da comunidade recebessem vacinas contra o coronavírus no Vaticano e tivessem a oportunidade de encontrar o papa.

“Para nós, ele é nosso santo”, disse Salas sobre Conocchia na semana passada.

Neste domingo, Conocchia chegou ao Vaticano em um ônibus com cerca de 50 pessoas desfavorecidas de sua paróquia, incluindo pessoas transgênero, tanto estrangeiras quanto italianas.

Ao entrar no auditório, Segovia disse que esta é uma “oportunidade fantástica” para todas as pessoas transgênero. “Envio ao papa um grande beijo”, acrescentou.

(g1)

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