Novas mensagens divulgadas pela revista Veja, em parceria com o site The Intercept Brasil, mostram que houve comunicações do procurador Deltan Dallagnol com o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), órgão encarregado de julgar em segunda instância os processos da Lava Jato.As conversas são sobre Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais, condenado por Sergio Moro em 2015. Cinco meses antes de Gebran anunciar sua decisão, Deltan comentou com colegas do Ministério Público Federal que o desembargador estava escrevendo seu voto, mas achou as “provas de autoria fracas em relação ao Assad”. Em junho de 2017, Deltan então aciona o procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, que fica em Porto Alegre, sede do TRF4. “Cazarré, tem como sondar se absolverão assad? (…) se for esse o caso, talvez fosse melhor pedir pra adiar agilizar o acordo ao máximo para garantir a manutenção da condenação…”, escreve Dallagnol, ao se referir a um acordo de delação que a Lava Jato negociava em paralelo e que seria fechado dois meses depois das conversas. “Olha quando falei com ele, há uns 2 meses, não achei q fosse absolver… Acho difícil adiar”, responde Cazarré. Na sequência, Dallagnol volta a citar o desembargador Gebran. “Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”. Dallagnol termina pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio “para evitar ruído”.