Fiéis escudeiros, companheiros de toda a vida, os animais de estimação são considerados por muitas pessoas como membros da família. Entretanto, apesar de todo o carinho ofertado pelos seus donos, alguns cuidados ainda passam despercebidos entre os tutores de pets.
Voltado ao público masculino, o mês de novembro é marcado pela celebração do Dia Mundial de Conscientização ao Câncer de Próstata, comemorado na próxima terça, 17 de novembro, data que traz à tona um importante alerta aos homens sobre a constante necessidade de cuidar da saúde. No entanto, você sabia que o câncer de próstata não é uma doença exclusiva dos humanos?
Em entrevista ao Portal A TARDE, a especialista em medicina veterinária Aline Quintela aborda questões importantes sobre o diagnóstico da doença em animais de estimação, assunto ainda desconhecido entre donos de pets.
Atenção aos sinais
Para um diagnóstico precoce, é importante ficar atento ao comportamento dos animais para perceber os sintomas da doença, diz a médica, que também é coordenadora do curso de medicina veterinária da Unime. “Os primeiros sintomas que os tutores podem notar é dor abdominal, dificuldade para defecar, fezes em formato de fita (achatadas) e com sangue, dor e dificuldade para urinar”, explica a veterinária.
A especialista destaca que a prevenção é o melhor caminho no combate ao câncer de próstata nos animais. Segundo ela, a boa notícia é que a maioria das doenças de próstata em animais é benigna e, somente em casos mais graves, é necessária a cirurgia para retirada do órgão e a realização de quimioterapia.
O câncer de próstata afeta a maioria dos homens idosos – cerca de 75% dos casos em todo mundo ocorrem depois dos 65 ano. Seguindo a mesma tendência, a doença atinge os animais na fase adulta.
“Animais com mais de 6 anos, é importante a avaliação periódica do médico veterinário e, ao notar qualquer um dos sintomas descritos acima, procurar atendimento imediato”, explica.
Castração
Cirurgia simples e indolor quando realizada sob anestesia geral, a castração segue como principal agente no combate aos males que atingem os animais de estimação. Procedimento de eficácia garantida, o mecanismo pode ser realizado em todos os mamíferos, a partir dos 2 meses de idade.
De acordo com dados da Associação Humanitária de Proteção e Bem-Estar Animal (Arca Brasil), para cada bebê humano que nasce, cerca de 15 cães e 45 gatos são gerados. Ainda conforme a organização não governamental, em seis anos, uma cadela e seus descendentes podem gerar 64 mil filhotes.
A médica ressalta que, no caso dos machos, a cirurgia deve ser realizada o quanto antes. Em relação às fêmeas, o procedimento deve ser feito antes do primeiro cio. “A castração é a maior prevenção! Cães e gatos devem ser castrados a partir dos 6 meses de vida. Exceto a castração precoce, não existem outras medidas de prevenção”, sinaliza.
Cuidado na prática
Dono de Tigre, um cão de 5 anos, o empresário Daniel Carvalho, de 23 anos, resolveu castrar o animal após duas gestações indesejadas. “Ele e a Puma (a cadela da família) tiveram ‘duas barrigas’, uma com sete filhotes e outra com nove. Após a segunda gestação, decidimos por castrá-lo”, conta o jovem.
Sem saber que o procedimento funciona também como método de prevenção contra doenças, como o câncer de próstata, o empreendedor declara que fez o procedimento quando o cão fez 3 anos. “Não sabia que a castração prevenia esse tipo de mal. Eu visualizava a cirurgia apenas como um método contraceptivo”, revela.
País com a terceira maior população de animais do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, o Brasil possui atualmente cerca de 4 milhões de animais abandonados, segundo dados do Instituto Pet Brasil.
Para Daniel Carvalho, a falta de castração tem um papel fundamental nesse número. Ele frisa a importância de mais divulgação sobre as vantagens em relação ao procedimento. “Considero super necessário prevenir este tipo de sofrimento das próximas gerações. É algo que também servirá em benefício do município. As clínicas veterinárias devem repassar mais informações aos clientes, é importante abordar o tema com mais frequência”, finaliza. (A Tarde)