O número de mortes relacionadas à Aids caiu um terço (33%) em quase uma década, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta terça-feira (16). Em 2010, 1,2 milhão de pessoas morreram devido a complicações provocadas pelo vírus. Em 2018, este número caiu para 770 mil. A ONU alerta, no entanto, que está havendo uma estagnação nos esforços mundiais para erradicar a doença, que sofre com a redução do financiamento.
Enquanto há avanços no tratamento no Sul e no Leste da África, o continente mais afetado pela doença, em outras partes do mundo alguns indicadores são preocupantes.
No leste da Europa e na Ásia central o número de novas infecções disparou 29% desde 2010. O número de falecimentos em consequência da Aids também aumentou 5% nestas regiões e 9% no Oriente Médio e norte da África, nos últimos oito anos.
Tratamentos recordes
Mais de três em cada cinco soropositivos no mundo – 23,3 milhões de 37,9 milhões, respectivamente – recebem tratamentos antirretrovirais, uma proporção recorde, afirma Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) em seu relatório anual.
Os tratamentos, que permitem não transmitir o vírus da Aids quando tomados corretamente, alcançam 10 vezes mais pacientes do que em meados da década passada.
O número de mortes do ano passado foi um pouco inferior ao registrado em 2017 (800 mil) e um terço menor que o balanço de 2010 (1,2 milhão). E está muito abaixo da hecatombe de 2004, quando o vírus da Aids matou 1,7 milhão de pessoas. O número de novas infecções permanece estável na comparação com os anos anteriores (1,7 milhão). As cifras globais escondem, no entanto, grandes diferenças regionais, destaca a Unaids, que adverte que a luta contra a doença não avança a um ritmo suficiente.
Redução do financiamento
A Unaids adverte em seu relatório que o financiamento para eliminar a doença está em queda.
“Pela primeira vez desde 2000 os recursos disponíveis para a luta global contra a Aids caíram”, alertou Gunilla Carlsson, diretora interina da Unaids após a saída de Michel Sidibé.
No ano passado, 19 bilhões de dólares foram destinados a programas de luta contra a Aids, um bilhão a menos que em 2017 e sete bilhões a menos que o valor considerado necessário para 2020 (US$ 26,2 bilhões).”
“Esta redução é um fracasso coletivo”, destaca a Unaids.
O programa da ONU afirma que o cenário envolve “todas as fontes de financiamento”: contribuições internacionais dos Estados, investimentos dos países ou doações privadas com fins filantrópicos.
Fundo Mundial
Por este motivo, 2019 é considerado um ano crucial. Organizada a cada três anos, a conferência de financiamento do Fundo Mundial acontecerá em 10 de outubro na cidade francesa de Lyon. O objetivo é arrecadar 14 bilhões de dólares para o período entre 2020 e 2022 para conseguir financiar o fundo. Os principais contribuintes são Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e Japão. Os obstáculos afetam o trabalho para alcançar o objetivo estabelecido pela ONU para 2020: que 90% das pessoas portadoras do vírus conheçam seu diagnóstico, que 90% destas pessoas recebam tratamento e que, entre elas, 90% tenham uma carga viral indetectável. Em 2018, estas proporções foram, respectivamente, de 79%, 78% e 86%, com muitas diferenças regionais. (Bem Estar)