Você provavelmente já ouviu o discurso “mulher é tudo invejosa” ou então o alerta “mulher é tudo fofoqueira, toma cuidado!”. Talvez você deva ter apenas guardado essas informações, mas já parou para pensar o quanto essas falas condicionam o modo como nós, mulheres, nos enxergamos?
Tal ciclo da rivalidade feminina é expressado em produções cinematográficas, por exemplo, nas quais mulheres sempre são colocadas para disputar algo, criando um atrito muitas vezes desnecessário.
Um bom exemplo é em alguns filmes da Barbie, em que temos o triângulo Raquel, Barbie e Ken, sendo que a Raquel e a Barbie sempre são postas em desavenças por disputarem o Ken, que, por sua vez, fica no meio da discussão, não argumentando sobre, como se não entendesse o porquê dele ser a razão de tanta briga.
Além do mais, um ótimo exemplo para evidenciar esse ensino a nós, mulheres, para odiarmos umas as outras, é a própria raiva que a Raquel sente pela Barbie conseguir tudo, inclusive o Ken, homem por quem Raquel é apaixonada e que, porém, não faz nada para reverter a situação, não assumindo um lado na tentativa de tirar Raquel dessa ilusão de um dia conseguir o seu amor. Assim, ela acaba descontando toda essa frustração na mulher, ou seja, na Barbie.
Esses filmes, oferecidos para crianças que o assistem – como ocorreu no meu caso, acabam reproduzindo o senso comum e influenciando em ações e atos que serão repetidos quando crescermos.
Dessa forma, é necessário procurar a raiz do problema e questionarmos nossas ações e pensamentos, por mais pequenos que pareçam. Ao fazermos isso, acabamos percebendo que essa rivalidade ensinada acaba acarretando em prejuízo para nós mesmas, visto que apenas impede de juntarmos nossas forças, confiarmos e respeitarmos umas as outras .
Tal competição nociva anula nossas vivências e também a possibilidade de nos apoiarmos, de nos entendermos no mundo, de questionarmos as injustiças sofridas e de compreendermos nossas interseccionalidades.
Ao continuarmos com o ciclo ao estímulo à competição entre nós, mulheres, estamos aos poucos silenciando-nos e colaborando para a estabilidade da sociedade machista vigente, colocando ainda mais peso nas pesadas opressões que sofremos.
Com isso, volto salientando à importância do desenvolvimento de um pensamento crítico para o qual o feminismo é uma ótima ferramenta. Hoje em dia, muitas mulheres transmitem conceitos de forma didática e acolhedora.
Um exemplo é a artista Lela Brandão, que usa sua influência em plataformas digitais, como o Instagram e YouTube, para trazer conteúdos e debates a respeito. A desconstrução é diária e cansativa, mas é maravilhosa! E de pouquinho em pouquinho, vamos transformar essa rivalidade em uma teia de apoio e de união. Contem comigo! (Meon)