O que mantém cidades de: S. A. de Jesus, Amargosa e Cruz das Almas, como polos do São João na Bahia?

As cidades atendem tanto quem quer modernidade e conforto quanto quem quer vivenciar as tradições juninas.

Foto: Redes sociais

Quando o mês ‘vira’, a mágica acontece. Desde o primeiro dia de junho, as ruas de Santo Antônio de Jesus, Cruz das Almas, e Amargosa se apresentam com ares diferentes. Do lado de fora, o colorido da decoração de bandeirolas e, dentro das casas, o gosto e o cheiro das comidas típicas. O clima é de festa, alegria, contagem regressiva e…clubismo.

Os moradores ‘vestem a camisa’ das cidades e cada um deles defende com unhas e dentes que o seu município tem o melhor São João.

Santo Antônio de Jesus

No Recôncavo Baiano, Santo Antônio de Jesus já era point junino antes mesmo dos festejos chegarem a palcos montados na cidade. É o que garante o morador e professor aposentado José Gilberto de Jesus, de 64 anos. “Já em 1970, SAJ era grande referência na Bahia, disputando os turistas com Senhor do Bonfim, Cruz das Almas e Amargosa”, diz ele.

Um dos fatores para a fama era a fabricação e o comércio de fogos de artifício no centro do município. “Lembro de gente chegando de outros estados no depósito da minha família para comprar e levar”, conta José Gilberto. Enquanto uns compravam e iam embora muitos ficavam.

“O pessoal passava por SAJ para chegar à Amargosa e o poder público começou a se mobilizar para fazer concorrência. Foi a junção da prefeitura com os comerciantes locais”. A secretária de cultura, turismo e juventude, Sílvia Brito, destaca que a expectativa durante o São João é dobrar a população da cidade (de 100 mil habitantes). “A gente criou uma rede de hotelaria e de gastronomia que atende bem a quem chega de fora. Sem contar a facilidade de acesso pela BR-101 ou pela Ilha de Itaparica”, justifica a gestora.

Reprodução/Santo Antônio de Jesus

Amargosa

A historiadora Regina Vaz, professora aposentada, conta que o sucesso na cidade começou antes das grandes festas particulares e, hoje, continua por conta da mobilização da prefeitura. “Foi ainda no final dos anos 90, que o município começou a atrair muita gente de fora para as confraternizações nas praças públicas”, diz.

O potencial foi aproveitado pelo prefeito da época, Francisco Ravelo. “Começaram a vir grandes atrações de várias localidades e a fazerem competição de quadrilhas. A coisa foi crescendo a cada ano e atraindo o público que passou a chegar em ônibus e mais ônibus de Salvador e outas cidades”, continua Regina.

Reprodução/Amargosa

Cruz das Almas

Assim como o Forró do Piu Piu, em Amargosa, o Forró do Bosque não acontece em Cruz das Almas desde 2022, mas ajuda a explicar o crescimento dos festejos. “Era coisa de 97 ônibus bate-volta, estacionamento lotado, muitas casas alugadas, hotéis esgotados”, diz morador. Para o historiador Alino Matta, morador da cidade, a festa particular surfou na onda do sucesso porque o que fez Cruz bombar mesmo foram as guerras de espadas.

A prática foi proibida, mas a tradição que envolve toda a festa faz o sucesso da cidade continuar. “No passado, os jovens saíam com instrumentos musicais e iam de porta em porta para tocar para as famílias e, em troca, entravam nas casas para tomar licor e comer comidas típicas”, conta Alino.

Reprodução/Cruz das Almas

Um dos fatores para a fama era a fabricação e o comércio de fogos de artifício no centro do município. “Lembro de gente chegando de outros estados no depósito da minha família para comprar e levar”, conta José Gilberto. Enquanto uns compravam e iam embora muitos ficavam.

Além dos fogos, a sanfona da família Tourinho chamava a atenção. O músico Ray Tourinho, de 71 anos, conta que reunia sanfoneiros para passar pelas ruas da cidade, numa espécie de arrastão. “O grupo ia aumentando a cada ano e virou algo bem tradicional, atraindo turistas”, conta. Mas o São João de Amargosa parecia fazer mais sucesso.

“O pessoal passava por SAJ para chegar à Amargosa e o poder público começou a se mobilizar para fazer concorrência. Foi a junção da prefeitura com os comerciantes locais”. A secretária de cultura, turismo e juventude, Sílvia Brito, destaca que a expectativa durante o São João é dobrar a população da cidade (de 100 mil habitantes). “A gente criou uma rede de hotelaria e de gastronomia que atende bem a quem chega de fora. Sem contar a facilidade de acesso pela BR-101 ou pela Ilha de Itaparica”, justifica a gestora.

Nessa disputa, os quatro nomes mais cotados têm muito em comum. As guerras de espadas e as festas particulares e públicas são pontos fortes na explicação da atração de tanta gente durante os festejos juninos, seja no passado ou no presente.

Fonte: Jornal Correios

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