Olimpíada: Fernando Reis, do levantamento de peso, é flagrado no antidoping com hormônio do crescimento

Fernando Reis foi flagrado no antidoping e pode pegar quatro anos de punição Foto: Divulgação/Pinheiros

O atleta Fernando Reis, atual tricampeão do levantamento de peso nos Jogos Pan-Americanos na categoria pesado, foi flagrado em exame antidoping e não viajará para Tóquio. O episódio ocorre a apenas uma semana do início dos Jogos Olímpicos. A informação foi divulgada inicialmente pelo site ge. O GLOBO confirmou a notícia e apurou que a substância encontrada é hormônio do crescimento (enquadrado na lista de substâncias proibidas, no grupo S2, de hormônios peptídicos, fatores de crescimento, substâncias relacionadas e miméticos).

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) ainda não se pronunciou sobre o caso mas deve ajudar na defesa do atleta. A Confederação Brasileira de Levantamento de Peso (CBLP) apenas confirmou ocorrido.

Fernando não deve disputar os Jogos de Tóquio, uma vez que sua suspensão é imediata (ele pode pedir contraprova antes de seguir a julgamento). Mas há dois casos de doping ainda em aberto na delegação do Brasil: Natasha Rosa, número 16 no ranking mundial na categoria até 49kg do levantamento de peso, teve sua suspensão revogada e viaja ao Japão antes mesmo do julgamento na Corte Arbitral do Esporte na semana que vem. Se absolvida, a melhor atleta das Américas, competirá no dia 24. Se não, volta para casa.

E a lançadora de disco Fernanda Borges, ainda suspensa, que espera decisão de seu julgamento, também na próxima semana. No seu caso, não há previsão de viagem ainda.

Sobre o caso de Fernando, a reportagem também apurou que a substância, que não é produzida em grande quantidade no corpo humano, foi introduzida no organismo de forma injetável. Por isso, não há como alegar contaminação. Pelo uso, Fernando pode receber uma punição de até quatro anos de afastamento. Sua defesa seria afirmar que trata-se de erro do laboratório.

— Estamos falando aqui de um dos atletas mais testados no mundo, só nos últimos meses ele fez mais de dez exames e todos sem problemas. Será esclarecido que ele não utilizou nenhuma substância proibida  — declarou o advogado Marcelo Franklin, especialista em casos de doping, que assumiu a defesa do atleta.

Franklin disse que nem ele nem Fernando se manifestarão sobre o caso até o julgamento. O GLOBO procurou o atleta mas ele não respondeu às ligações.

O exame foi realizado no dia 11 de junho, de forma surpresa, no Rio de Janeiro, onde o halterofilista fazia preparação para os Jogos Olímpicos.

Fernando, que mora nos Estados Unidos, vinha treinando no  CT do Time Brasil e agora é o segundo atleta do país a testar positivo para substância proibida enquanto treinava nas instalações do COB.

O primeiro foi André Calvelo, da natação, já julgado e condenado a quatro anos de suspensão por uso de esteroide anabolizante. O nadador chegou a disputar a seletiva, teve excelente desempenho e logo em seguida, foi cortado da seleção.

Fernando viajaria na semana que vem para o Japão e tinha chances reais de medalha, principalmente pela ausência de rivais de países que tiveram muitos casos de doping recentes e, por isso, perderam vagas.

Esta não é a primeira vez que Fernando Reis se vê envolvido num episódio de doping. Em 2011, ele testou positivo para a substância metilhexanamina. Ela foi encontrada durante o Campeonato Nacional Universitário, em Shrevport, nos Estados Unidos. Mas voltou a competir no mesmo ano e conquistou o ouro no Pan de Guadalajara-MEX.

Ironicamente, ele conquistou a primeira medalha do levantamento de peso brasileiro em um Mundial após a desclassificação de um concorrente por doping. Na edição de 2018, disputada em Ashgabat (Turcomenistão), Fernando terminou em quarto lugar na categoria +109kg. Terceiro colocado, o uzbeque Rustam Djangabaev acabou desclassificado, o que fez o brasileiro herdar o bronze.

A boa colocação no Mundial credenciou Fernando a brigar por uma medalha nos Jogos de Tóquio. Na Rio-2016, ele terminou em quinto lugar. (O Globo)

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