O autocuidado é parte essencial da rotina de pessoas que vivem com a Doença Falciforme. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) estima que 30 mil baianos têm a mutação genética para a doença. Só na Fundação Hemoba, referência no tratamento na Bahia, são 5.204 pacientes assistidos. Para os pais e familiares, apesar do pouco conhecimento a respeito da condição de saúde, é uma oportunidade de aprendizado, nutrição de amor e planejamento familiar.
O jovem Luiz Gustavo dos Santos, de 20 anos, da cidade de Barreiras, conta que segue uma rotina sem muitas intercorrências, mas tenta manter o controle das hemácias com o acompanhamento médico e o uso de medicamentos. Desde muito pequeno tem o diagnóstico de Doença Falciforme do tipo SS e seu pai sempre foi um grande parceiro nos cuidados com a sua saúde. Algumas vezes foi preciso recorrer ao internamento.
“Ele passa noites e madrugadas me acompanhando e não sai de lá até que eu fique bem ou que ele precise ir descansar”, diz.
Luiz Gustavo vai à Hemoba a cada três meses e mantém a atualização dos seus exames nas unidades de saúde da sua cidade. Em 20 anos, o garoto passou por duas transfusões de sangue, uma delas em abril deste ano, motivo que fez com que ele desse muito valor a doação de sangue. “Eu gostaria muito de conhecer meus doadores, sou uma pessoa que valoriza muito a gratidão!”.
Apesar de morar em Barreiras, Luiz Gustavo é um dos jovens assistidos pelo Hemocentro coordenador da Fundação Hemoba, na Vasco da Gama, em Salvador. O hematologista e diretor da unidade, Fernando Araújo, diz que a instituição trata todas as variantes da Doença Falciforme e explica que o tipo indica a intensidade das crises de dor e o tratamento que deve ser realizado.
“Os tipos mais frequentes são da Doença Falciforme Hb SS, Hb SC, Hb Dthal e Hb SD. Todas as mutações genéticas ocorrem a partir de um tipo de hemoglobina que tem maior afinidade pelo oxigênio, desta forma os glóbulos vermelhos ficam no formato de meia-lua. Isso dificulta a circulação sanguínea, pela falta de maleabilidade para passagem do sangue”, completa.
Ele comenta ainda que até o final de agosto, o Hemocentro Regional de Barreiras deve começar o atendimento ambulatorial para pessoas com Doença Falciforme, um dos maiores responsáveis pela coleta e distribuição de sangue na região oeste do estado.
Manoel Roberto Alves, pai do garoto André Luís do Sacramento, de 16 anos, descobriu a doença do filho ainda no nascimento, no teste do pézinho, método que começou a realizar esse diagnóstico em 2004 pelo SUS. Segundo ele, o nascimento do filho lhe ensinou muito sobre amor e dedicação. Ele conta que um momento de muito crescimento foi quando André começou a ter crises sequenciais e recomendaram que ele fizesse uma esplenectomia ou a retirada do baço, para aliviar suas dores.
“Nós pensamos muito antes de optar pelo procedimento, mas como ele tava tendo crises sequenciais e precisando de transfusões com muita frequência, preferimos que ele fizesse para o bem estar dele. Para a gente foi uma esperança, né? A hemoglobina basal dele hoje é mais alta. Ele tem a Doença Falciforme SD, então as crises de dor são muito fortes e todo esse processo nos ensina e nos aproxima muito mais dele”, relata. (Informa Baiano)