Pastor de SAJ, Fernando Gomes relembra o drama vivido com a Covid: “foi o vale da sombra e da morte”

Médico e Pastor Fernando Gomes / Imagem: Voz da Bahia

Quarenta e cinco dias passou internado, o médico e pastor da Igreja Palavra Viva de Santo Antônio de Jesus, Fernando Silva Gomes contou no programa Meio-Dia e Meia na Live do Voz da Bahia, os detalhes do drama que viveu com falta de ar, intubado dentro de uma UTI, após se contaminar com a Covid-19.

Nas últimas eleições municipais, o pastor Fernando chegou a ser candidato a prefeito na cidade de Mutuípe, ele assegura que durante o período eleitoral ele deva ter se contaminado pelo coronavírus nesta ocasião, “é possível que eu tenha pego naquele período. Eu comecei a ter os primeiros sintomas em novembro nessa época, eu já tinha mais de 8 meses envolvido no hospital, atendendo pessoas com a Covid, internando, transferindo de Mutuípe, então, na da política eu devo ter facilitado um pouco a convivência com as pessoas e naquele momento mesmo não tendo tanta certeza das coisas. Mas, acredito, que tenha sido nessa época, porque eu comecei a ter o sintoma mais grave, mais ou menos, dia 12 de novembro de 2020 e a eleição foi dia 15 de novembro; neste dia eu fiquei em casa já me cuidando, tomando algumas medicações preventivas, e aí foi quando depois de uma semana eu comecei a cansar, tossir muito, tive que ir ao hospital e ao chegar lá, foi feito a tomografia e constatou o comprometimento de 75% do meu pulmão. Então, eu fui intubado e no dia seguinte transferido para Salvador. Posteriormente, fiquei 45 dias na UTI, fui intubado três vezes, foi feito traqueostomia, eu sentia que já estava na hora. Foi uma coisa do vale da sombra da morte. Depois eu sair da UTI, fui para clínica de recuperação, onde fiquei 42 dias, cheguei com 21 Kg a menos, fiquei com 59 kg, eu pesava 80 kg. Permaneci lá como se fosse o resgate daquele que estava no centro de concentração dos Judeus, bem magro, com sonda, ainda não falava direito e depois desses dias lá na clínica, há 35 dias fazendo fisioterapia, melhorei e esperando a vacina para que assim eu pudesse voltar as minhas atividades”, explanou.

O médico ainda ressalta ao Voz da Bahia, que a sua trajetória durante a doença não o fez especial, ” até porque Deus, permitiu, porque tem alguma coisa ainda para ser feito, mas a sensação foi bastante difícil, foi estranha porque eu soube que tinha que ser intubado e depois a gente não vê nada, mas o tempo que eu ficava sem a intubação era a época que eu ficava pior, porque sentia que estava naquele sufoco, aquela sensação que a garganta não conseguia respirar e era os momentos piores. Enquanto estava intubado eu não sentia nada, mas para um médico, a gente conhece a doença, tem aquela experiência, uma situação difícil. Ficava ouvindo conversas e as pessoas pensam que não entendia o que se falava, mas estava percebendo, escutando tudo, então é um sofrimento difícil. Algumas vezes, posso confessar a você, que entreguei na mão de Deus e disse, agora vamos lá, fechava os olhos e imaginava que estava na hora de ver Jesus e fiquei tranquilo, porque não tive aquela preocupação e nem medo, eu sofri bastante nos momentos que ficava naquela circunstância, nem a família podia chegar perto de mim, ou seja, muito difícil, foi o vale da sombra da morte”, elucidou.

Sobre o drama que passou enquanto estava lutando pela vida, pastor Fernando relembra que o sofrimento e a dificuldade de respirar era um dos momentos mais difíceis, “a dificuldade de respirar tira da gente a capacidade do controle da vida, a gente fica arriscando, como se tivesse se afogando, tentando sair daquele afogamento e outra questão é a bagunça de sentimentos que são causados por todos os medicamentos, a gente acaba saindo daquilo que é o normal, mas a expectativa agora é sobreviver e evitar uma nova contaminação”, expõe.

Gomes apontou que no início da contaminação chegou a tomar medicamentos não comprovados cientificamente, mas denominados por alguns médicos como medicações de tratamento precoce, “cheguei a tomar Ivermectina, Azitromicina, tomei analgésico, anti-inflamatório, usei xarope, corticoide, mas já foi tarde. Cloroquina eu não usei”, descreve.

A respeito desses protocolos que estão sendo anunciados para prevenir ou amenizar a doença do organismo contra a Covid, ao Voz da Bahia o pastor afirma que vem se comunicando com diversos especialistas que afirmam não saber sobre tudo, “o coronavírus é uma enfermidade nova, então na hora que alguém diz que é a favor, o outro diz que é contra, isso foi também politizado de uma forma que as pessoas começam a criar uma confusão com relação competição política, mas ninguém sabe ao certo sobre essa doença o suficiente. Se eu vou para a guerra e o inimigo vem com todas as armas poderosas contra mim e eu só tenho um bodoque e uma pedrinha na mão, eu vou atirar a pedra, eu vou tentar fugir disso, vou tentar fazer o que eu posso, então todos esses medicamentos preventivos e que possam curar no começo da enfermidade eu não sou contra que sejam usados. Porque eu estaria contra um grupo de médicos e a favor de outro? Eu posso até está contra os outros que não fazem, não se submetem, mas já sabemos que tem outros tratamentos que já foram autorizadas nos Estados Unidos, que foi liberada pela Anvisa e veio aqui para o Brasil, então, há muita coisa que nós vamos conhecer dessa enfermidade”, conta.

O líder religioso garante que sua vontade era só sair daquele lugar e agradecer aos filhos pela dedicação a todos pelo tempo em que se manteve internado, “quero agradecer a Jéssica, a Nando, a Sandra, a preocupação que eles tiveram e minha esposa que esteve sempre no meu lado, a Igreja, pastores, irmãos, amigos, conhecidos a todos que oraram por mim. Lá de casa, Fernandinho parou de trabalhar 30 dias e ficou em um hotel junto do Hospital de campanha para ficar sabendo notícia todos os dias e ele não teve cabeça para trabalhar, as minhas filhas também dedicaram completamente e a minha esposa também não se pode dizer outra coisa. A percepção que a gente tem é de que a família abandonou a gente, porque não pode nos ver lá na UTI, algumas vezes faziam um vídeo e das ocasiões que me enviavam eu pedia para me tirar dali. Quando me afastei de lá, foi uma alegria, mas como eu cheguei à clínica de reabilitação que conseguir me ver realmente, fiquei eufórico em está lá, mas ao mesmo tempo eu olhei e pensei como mudei, como estou magro, mas fiquei na esperança de uma reabilitação. Isso Deus fez, ele me curou e mais uma vez despontou a sua glória!”, admitiu.

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Reportagem: Voz da Bahia

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