‘Paulo Freire nunca foi comunista’, diz biógrafo do educador

Foto : Reprodução/ Facebook

Autor do livro “O Educador, um perfil de Paulo Freire”, o escritor Sérgio Haddad defendeu, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (15), no Dia do Professor, a importância da obra para entender o pensamento do educador, diante de um cenário de desinformação que cresceu no país com as eleições do ano passado.

“Paulo Freire nunca foi comunista. Ao contrário até, em 1964, na época em que ele desenvolveu toda a metodologia dele, em 1963, quando ele aplicou, e até no período que ele teve que sair do país, ele até era deixado a margem pelo comunismo. Paulo Freire é um cristão. Ele foi uma pessoa que militou na cultura popular, mas com essa visão e formação cristã que ele tinha”, explica. 

Sérgio Haddad avalia que muitas pessoas acabam ligando Paulo Freire ao comunismo por conta da obra  “A pedagogia do Oprimido”. No entanto, pontua que o educador não era partidário, mas sim a favor do grupo social que sofre com opressão. 

“A metodologia dele foi usada por várias tendências e porque era muito adequada a aproximação com a população. O que eu acho, na verdade, é que as pessoas acusam o Paulo por outros motivos. Porque ele é o homem da pedagogia do oprimido, ou seja, é situado politicamente a favor de um determinado grupo social da população. Os oprimidos, hoje você pode considerar, não são só os pobres, mas aqueles que sofrem problemas do racismo, xenofobia e machismo. Esse conceito se ampliou muito”,  justifica. 

O escritor afirma ainda que Paulo Freire defendia que os educadores se posicionassem politicamente, dentro do entendimento de que toda ação é política. 

“Ele sempre se declarou, muito claramente, e toda sua pedagogia dizia isso: Você como educador e educadora (e hoje muito oportuno conversarmos isso no Dia do Professor), são seres políticos. Isso não quer dizer partidários. Está se falando de uma ação política, porque toda ação é política de forma ou de outra. Neutralidade também é ação política”, completa.

Apesar de o livro não ter sido escrito com intenção de necessariamente combater a desinformação, Sérgio diz que o conteúdo pode ser usado para que o leitor conheça o legado do educador. 

“Paulo Freire acaba sendo uma pessoa pouco lida internamente no país e reconhecida internacionalmente. Então o que o livro traz é a história da vida do Paulo. É um livro de leitura fácil e diz da sua vida e diz da sua produção teórica, a partir do contexto em que ele viveu e do que ele estudou e pensava; e faz as indicações da produção do Paulo ao longo da vida dele. Então é um livro informativo, que ajuda o debate e o conhecimento a respeito de Paulo Freire, para que a gente supere essa ‘bobageira’ que é dita sobre ele e aprenda aquilo que ele tem de bom, para que a gente possa incorporar isso nos processos educacionais do Brasil”, argumenta. 

(Metro1)

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