Paulo Gustavo diz que piadas de 220 Volts passam por filtro

Foto: © Divulgação

Maria Enfisema, Senhora dos Absurdos e Dna Hermínia estiveram presentes na programação de fim de ano da Globo. As personagens, já famosas pela interpretação de Paulo Gustavo, 42, marcaram presença no programa 220 Volts especial, que foi ao ar nesta terça-feira (22) na Globo, com reapresentação no Multishow, no próximo sábado (26).

O programa, criado e escrito por Paulo Gustavo e Fil Braz, já teve cinco temporadas no Multishow, e seguirá o mesmo formato, apesar de ser um texto novo, neste especial, com os principais personagens vividos pelo humorista em seus 15 anos de carreira. Entre eles, Dona Hermínia, da franquia “Minha Mãe É uma Peça”, cujo terceiro filme se tornou a maior bilheteria da história do cinema nacional.

“Ficamos com medo de gravar por causa da pandemia. Parecia que estávamos em uma sala de cirurgia no Projac de tantos protocolos. Dava medo de pegar coronavírus, mas foi legal, é um projeto que eu pude escolher com quem trabalhar. Todos que estavam envolvidos com o programa estavam empolgados de estar em uma atração já conhecida. A energia da gravação foi o máximo”, afirma o ator.

No elenco estão, além de Paulo Gustavo, Marcus Majella, Herson Capri, Deborah Secco, Iza, Angélica, Mallu Vale, Paulo Zulu e Pedro Novaes. Já em relação a seus personagens, o humorista diz que serão apenas os mais conhecidos e os que mais bombaram nas cinco temporadas do programa. “Queremos mostrar aqueles que são os preferidos, mais populares e que amo fazer.”

“Com relação ao texto, eu amadureci como ator e também como ser humano. Coisas que eu fazia no passado no programa não cabem mais hoje em dia”, afirma o artista, que completa dizendo que as piadas não podem ofender ninguém e, por isso, tudo foi minuciosamente escrito por ele para que não houvesse ruído nem cancelamento por parte da internet.

“Nem tudo é engraçado como era antigamente. Sou contra coisas que já brinquei no passado. Coisas que eu gostaria de apagar para sempre. Inevitavelmente acabamos sendo preconceituosos uma vez ou outra. Mas agora tem muito filtro meu”, garante ele.

Paulo Gustavo afirma que houve esquete que foi escrita, interpretada, mas, na hora de levar ao ar, foi descartada. “Estava gravando o personagem Playboy, todo equivocado, e no fim da cena ele queria ficar com uma mulher de 60 anos. Mas revendo a cena, algumas frases que ele soltou, achei que ficou agressivo, e não entrou. Às vezes é uma coisa boba, mas que não passa mais no meu filtro.

Criar personagens, aliás, sempre foi uma adoração para Paulo Gustavo. Tanto que ele começou esse processo ainda na infância quando imitava tias e avós durante festas e confraternizações familiares. A Hermínia, uma sátira da própria mãe, foi sendo lapidada e uma propriedade foi criada, tanto que ela transcendeu às telas e os palcos.

“Pegou carinho de muita gente. Quando olho as roupas dela, isso mexe comigo, é como se eu a tratasse como algo meio sagrado para mim, sabe? Essa personagem mudou minha vida para sempre. Nunca imaginei que o que eu escrevia fosse ter essa repercussão dessas”, comemora.

Chegar à Globo é mais um motivo de orgulho para o artista, apesar de recordar que, na época dos cursos de dramaturgia, ele sempre dizia que preferia teatro à TV. Ainda assim, aparecer na Globo em horário nobre é muito gratificante para qualquer ator.
“Sei que sonhar com a Globo está no inconsciente, é um mundo mágico. Fiz teatro com tanto amor que a projeção dele me levou a outros lugares. Mas estou feliz, a Globo é uma baita empresa”, celebra Paulo Gustavo sobre o 220 Volts, seu primeiro trabalho na TV, no qual escreveu e atuou. Foi ele quem deu uma grande projeção ao ator na televisão.

“Gosto de ter liberdade de fazer o que eu quero. Meu trabalho é artesanal. Vejo a mixagem, escolho a trilha sonora, elenco. Assim, se eu tiver um lugar que me dê essa liberdade será esse o lugar para mim. No próximo ano, ‘Minha Mãe é uma Peça’ vai virar 20 episódios na Globo também. Deixo a vida me levar”, projeta.

Até o artista afirma que fica abalado pela pandemia em alguns momentos, mas tenta encarar a situação da melhor maneira. “Não é que eu nunca fique triste. Quando começo a ficar triste, transformo isso em risada. Não sei se é um dom meu. A gente viveu um ano muito triste, não podia ligar a TV que eu chorava. Não é normal o que estamos vivendo e fico feliz no fim do ano de trazer esse respiro.”

Outro fator que fez da quarentena de Gustavo mais prazerosa foi a convivência diária com os filhos, Gael e Romeu, que hoje estão com um ano e três meses. “Eu me tornei pai no meio dessa loucura e também pude ficar com eles. E outra: eu faço análise há 15 anos, sou transparente comigo e levo todos os meus buracos para análise. Nessa quarentena que muita gente entrou em crise, se separou, era como se minha conta estivesse paga após tanta análise, não tive crise”, finaliza. (Notícias ao Minuto)

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