A Polícia Federal (PF) abriu um novo inquérito para apurar a conduta do presidente Jair Bolsonaro (PL), após ele associar o uso da vacina contra a Covid-19 e a Aids.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a suspeita é de que o mandatário tenha cometido crime de pandemia, infração de medida sanitária preventiva e incitação à prática de crime. Datada de 23 de fevereiro, a portaria que instaura a investigação foi encaminhada nesta quarta-feira (2) ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação se dá após uma live exibida por Bolsonaro no dia 21 de outubro de 2021, quando ele leu uma notícia falsa que dizia que “vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”. Médicos e cientistas afirmam que tal associação é absurda.
Segundo o jornal, a apuração da PF será conduzida pela delegada Lorena Lima Nascimento, que atua na Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores. A pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Moraes já havia pedido abertura de inquérito no Supremo e em dezembro do ano passado determinou que os autos fossem encaminhados à PF para “a regular continuidade das investigações, com análise das diligências iniciais a serem adotadas para a elucidação dos fatos investigados”. Agora a investigação está formalizada no âmbito policial.
“O chefe do Executivo Federal teria divulgado textos inverídicos, os quais fariam parte de um contexto mais amplo de sucessivas e reiteradas manifestações criminosas, e estariam ‘espalhando notórias fake news, e criando grandes obstáculos ao enfrentamento da pandemia’, conforme descrito no Requerimento nº 01586/2021?, diz a portaria da PF.
Segundo a delegada, o inquérito policial foi aberto “para o fim de apuração das condutas do presidente da República ao propagar nas suas redes sociais, notícias supostamente inverídicas, as quais configuram, em tese, os delitos de epidemia, de infração de medida sanitária preventiva e de incitação ao crime”.
De acordo com a Folha, a PF também pediu a Alexandre de Moraes o compartilhamento da apuração preliminar aberta pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e os autos do inquérito que investiga Bolsonaro sobre o vazamento de informações sigilosas de apuração sobre ataque hacker à Justiça Eleitoral em 2018. (Bahia.Ba)