A Polícia Federal (PF) identificou um vínculo entre as investigações sobre um suposto golpe de Estado e as operações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia do segundo turno das eleições de 2022. No Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha larga vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL), a PRF abordou cerca de dois mil ônibus que transportavam eleitores. A ação levantou suspeitas de tentativa de manipulação do processo eleitoral.
O relatório final da PF, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em dezembro de 2023, detalha o envolvimento de figuras chave nas operações, incluindo o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques. Ambos foram indiciados no inquérito, junto a mais cinco pessoas, em fevereiro de 2024.
Entre as acusações estão os crimes de desobediência, prevaricação, restrição ao direito de voto e omissão, todos ligados à tentativa de sabotar o direito ao voto no contexto das eleições. O caso está sendo analisado pelo ministro Alexandre de Moraes, que o encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR).
O relatório da PF também inclui dados de uma investigação paralela, realizada pela Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, que apurou o envolvimento de servidores e diretores da PRF. As investigações revelaram que a cúpula da PRF, sob a liderança de Vasques e com o respaldo do então ministro Anderson Torres, teria dado ordens ilegais para dificultar a mobilização de eleitores de Lula no segundo turno das eleições, principalmente em estados do Nordeste.
O caso segue sob análise da PGR, que decidirá sobre os próximos passos no processo. A investigação também tem se concentrado nas ações da PRF, que afetaram milhares de eleitores, tentando inviabilizar o exercício do direito de voto de forma coordenada e estratégica.