Em um intervalo de apenas 24 horas, a Polícia Civil do Rio matou ao menos 17 suspeitos de integrar o Bonde do Ecko, considerada uma das maiores milícias do país, em duas operações em municípios da Baixada Fluminense.
A última delas ocorreu na noite desta quinta-feira (15), em Itaguaí (RJ), deixando 12 suspeitos mortos.
Entre eles, o ex-policial militar Carlos Eduardo Benevides Gomes, conhecido como Bené, apontado como um dos chefes do grupo na lista dos criminosos mais procurados do Rio. Monitorado há duas semanas, o grupo teve um comboio interceptado em Itaguaí e trocou tiros com os agentes, segundo a polícia.
Num vídeo já em posse dos investigadores, um ex-integrante da quadrilha revelou ao Ministério Público do Rio que, em setembro de 2018, Bené havia participado do assassinato de dois membros do próprio grupo criminoso.
A Promotoria denunciou 44 suspeitos de integrar o grupo pelo crime de organização criminosa. Cinco meses depois, o corpo da testemunha foi encontrado no porta-malas de um carro com marcas de tiro.
Após o depoimento de André Vitor de Souza Corrêa, ele foi jurado de morte pela quadrilha, segundo o Ministério Público.
Segundo o relato, Wellington da Silva Braga, o Ecko, o chefão da milícia, mandou Bené matar dois integrantes da organização criminosa por supostamente usarem o nome dele para extorquir dinheiro de moradores em um condomínio do programa federal “Minha Casa Minha Vida”.
“O Bené já veio dando a explicação, dizendo que era parada de homem. Disse que o Ecko mandou resolver. Só que o Paulinho [apelido de uma das vítimas] ainda estava vivo. E gritou assim: ‘Pelos meus filhos, não fui eu que meti a mão’. O Bené veio com a AK-47 e deu um tiro na cara dele. Depois, mandou a gente botar os corpos na caçamba do carro. Aí, fomos para o cemitério clandestino”, disse André Corrêa, em depoimento gravado.
“O Bené deu uns cinco tiros nele. O sangue espirrou na minha cara”, completou.
‘FRANQUIA DO CRIME’
Bené chefiava uma espécie de “franquia” do bonde do Ecko em Itaguaí, um dos municípios da Baixada Fluminense, segundo informações obtidas com a Polícia Civil e pelo MP-RJ.
Tandera, também citado pela testemunha encontrada morta depois de depor, é apontado pelas autoridades como o segundo homem na hierarquia do grupo e responsável direto pela criação dessas franquias na região.
Segundo fontes ligadas à polícia, ele estava com o grupo localizado pela Polícia Civil na última quarta (14), em uma operação que causou a morte de outros cinco suspeitos de integrar a organização criminosa em uma troca de tiros numa região conhecida como km 32, em Nova Iguaçu (RJ), também na Baixada Fluminense. Mas conseguiu escapar e segue foragido.
GRUPO MONITORADO
Na noite desta quinta, uma ação em conjunto entre a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e a Polícia Civil do Rio interceptou um comboio de suspeitos de integrar a milícia de Itaguaí.
A movimentação do grupo estava sendo monitorada há duas semanas pelo serviço de inteligência de uma força-tarefa para coibir a interferência de organizações criminosas nas eleições deste ano.
Segundo a polícia, os criminosos abriram fogo ao perceberem a aproximação dos agentes, dando início a um confronto que contou com a participação de agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil).
Um dos agentes foi atingido, mas não se feriu com gravidade porque o tiro atingiu o colete à prova de balas.
Além de Bené, Émerson Benedito da Silva, conhecido como Macumba, também teria sido morto. Ele é apontado pelas autoridades como um dos homens de confiança de Bené. Os outros dez suspeitos mortos ainda não foram identificados.
Após o confronto, a polícia apreendeu ao menos oito fuzis, pistolas, munições, carregadores, aparelhos de comunicação e os quatro carros roubados ou clonados que faziam parte do comboio. Os agentes verificaram, ainda, que os suspeitos usavam fardamento militar, coturnos e coletes. (Notícias ao Minuto)