A poligamia é um tema que vez e outra aparece como discussão na sociedade, mesmo após séculos de evolução cultural no tocante à formação familiar. Agora, por exemplo, a 2ª Vara da Família e Sucessões da Comarca de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, tomou uma decisão polêmica ao reconhecer a “união estável poliafetiva” de três pessoas.
Os envolvidos são Denis Ordovás, de 45 anos, Letícia Pires Ordovás, 51, e Keterlin Kaefer de Oliveira, de 32. Os três mantém uma relação poligâmica há cerca de dez anos, segundo informações do portal G1.
Denis e Letícia já eram casados, quando passaram a ter um relacionamento com Kaefer. O casal, então, decidiu entrar na Justiça para reconhecer a união com a terceira pessoa. Para isso, eles chegaram a se divorciar em cartório, a fim de restabelecer uma nova relação oficial.
A Justiça, porém, não atendeu o pedido do “trisal”, como também são chamados os grupos de três pessoas envolvidas numa mesma relação amorosa. Isso até agora, pois o Juiz Gustavo Borsa Antonello, da referida Comarca, resolveu reconhecer como entidade familiar a união dos três.
Argumento afetivo
Antonello utilizou como um dos argumentos a afetividade envolvida entre os amantes, alegando que “o que identifica uma família é o afeto, esse sentimento que enlaça corações e une vidas. […] A Justiça precisa atentar nessas realidades”.
O argumento da afetividade, contudo, uma vez que é amplamente subjetivo, podendo ser moldado a diferentes interesses, é o mesmo utilizado por pessoas com transtornos de ordem psicológica/emocionais que decidem ter relações, por exemplo, com objetos e até animais.
É o caso da ex-modelo Elizabeth Hoad, que se “casou” com o próprio cachorro, um labrador chamado Logan, segundo o Extra, e também do colombiano Cristian Montenegro, que decidiu ter uma boneca de pano como “esposa”, segundo o Metro.
Quanto ao caso do trisal em RS, a decisão judicial para eles foi uma grande conquista, especialmente porque agora esperam um filho gestado por Keterlin. A criança deverá nascer em 13 de outubro.
“Sempre teve nos nossos planos ter filhos e quando aconteceu decidimos buscar a Justiça. Ficamos extremamente felizes com a decisão, afinal, são dez anos. Muitos dos relacionamentos ‘normais’ nem chegam a tanto”, disse Letícia.