Tudo começa com as entradas acima da testa. Depois, caem as telhas do cocuruto. Os para-lamas acima das orelhas, porém, são preservados. Por quê? Os dermatologistas já sabem há algum tempo folículos capilares param de produzir novos fios sob influência de um hormônio chamado di-hidrotestosterona (DHT). A sensibilidade ao DHT é parcialmente hereditária; é por isso que a calvície afeta certas famílias de maneira bastante previsível.
O paradoxo, porém, é que o mesmo DHT que desmata o topo da cabeça promove o crescimento de pelos na barba e nos para-lamas. Os folículos de cada área reagem de maneiras opostas ao hormônio. Era de se esperar que o DHT, sendo uma forma de testosterona, tornasse sempre a região afetada mais peluda, e não menos.
“Finalmente, vale notar que essa característica é inerente ao folículo capilar”, explica à Super Ralph Trüeb da Universidade de Zurique, um dos maiores especialistas em cabelo do mundo. “É por isso que o cabelo continua a crescer quando um folículo é transplantado de uma área peluda para uma área afetada pela calvície.” Essa é a base dos transplantes capilares, caso a informação interesse a LeBron James.
Os cientistas já sabem que as áreas do escalpo propensas à calvície, durante a formação do bebê na gestação, provêm de uma camada embrionária diferente da que forma a pele da barba e em torno dos ouvidos. Mas ainda não descobriram por que só os folículos originários de uma certa parte do embrião são mais frágeis. Talvez a calvície tenha alguma importância evolutiva, mas ela também pode ser um mero acidente.
Pergunta de @maisbarbaridade, via Instagram / Por Bruno Vaiano / Superinteressante