Por que a semana tem 7 dias?

Saiba de onde veio o mito da criação presente no Gênesis – e quem decidiu que o fim de semana teria dois dias.

Foto: Divulgação

Um ano é o tempo que a Terra demora para dar uma volta ao redor do Sol. E o conceito de mês nasceu dos ciclos lunares – embora esses blocos de trinta dias tenham se tornado independentes no calendário atual. Os dois têm a ver com fenômenos astronômicos, e, durante a maior parte da história, o desafio foi justamente encontrar uma convenção que agrupasse esses dois eventos.

A semana não tem esse problema. Ela é uma medida arbitrária de tempo, sem respaldo em ciclos naturais. Mesmo assim, sua origem tem um fundo astronômico. A primeira civilização a juntar os dias em pacotes de sete foi a Babilônia, império formado na região onde hoje é o Iraque.

A escolha remete aos sete corpos celestes observados a olho nu pelos babilônios: a Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, Saturno e o Sol. Não é à toa que os nomes dos dias da semana, em latim, são Lunae, Martis, Mercurii, Jovis, Veneris, Saturni e Solis. Segunda a domingo, respectivamente. No último dia da semana ocorriam oferendas aos deuses.

No sexto século antes de Cristo, o déspota babilônio Nabucodonosor 2° deportou os judeus do atual território de Israel para a Mesopotâmia.

No sexto século antes de Cristo, o déspota babilônio Nabucodonosor 2° deportou os judeus do atual território de Israel para a Mesopotâmia. Foi provavelmente nesse período que o judaísmo teve contato com a semana de sete dias – dando origem ao mito da criação, que aparece no Gênesis. Trabalho em seis dias e descanso no sétimo, o shabbat judeu.

Mas essa não foi a única configuração semanal que existiu. Os etruscos (um povo que habitava a península itálica) dividiam os dias em pacotes de oito. Essa tradição foi herdada pela Roma Antiga e persistiu até a ascensão do imperador Constantino. Convertido ao catolicismo, ele oficializou a semana judaico-cristã no ano 321 d.C. Além disso, decretou que o dia do Sol deveria ser destinado ao descanso e à oração. Por isso, o rebatizou de Dominica, “dia do Senhor”.

Foi assim que a semana de sete dias virou padrão na Europa e suas futuras colônias – sendo seis dias de trabalho e um domingo de descanso (nossa legislação trabalhista prevê meio expediente no sábado). Em Israel, a folga cai no sábado. E nos países islâmicos, que bebem da mesma tradição religiosa abraâmica, o dia de devoção é a sexta.

Na prática, muitas empresas tratam o sábado como folga remunerada, o que explica o fim de semana de dois dias. Quem deu origem a isso foram os trabalhadores ingleses do século 19. Ao sair das fábricas no sábado à tarde, eles aproveitavam a noite e o domingo inteiro para beber e festejar.

Na segunda-feira, a ressaca mantinha os foliões presos na cama. Muitos faltavam no trabalho no que ficou conhecido como “santa segunda”. Por isso, alguns patrões passaram a oferecer metade do sábado de folga, com a condição de que o pessoal batesse ponto normalmente na segunda. Com o tempo, nos EUA, o sábado inteiro virou feriado, para acomodar as tradições dos numerosos trabalhadores judeus – e gerar dois dias em que os empregados pudessem passear e consumir, o que dava um gás na economia. No início do século 20, a semana de cinco dias trabalhados se estabeleceu pelo mundo desenvolvido.

Por Maria Clara Rossini / Superinteressante

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