A conta não fecha para a maioria das famílias brasileiras, que precisa fazer dívidas em despesas básicas, como alimentação e aluguel. É o maior número em oito anos.
As principais dívidas estão vinculadas a despesas básicas, como alimentação, tarifas públicas e habitação. A constante alta das taxas de inflação, que consome, principalmente, a renda já baixa dos mais pobres, contribui para o elevado endividamento das famílias.
O cenário também não é muito positivo para os mais ricos. Entre os lares com renda maior que dez salários mínimos, o número de endividados chega a 76%. Neste grupo, o crescimento foi de sete pontos percentuais em relação a 2021, um recorde.
Junto às dívidas, a inadimplência também cresceu. Atualmente, 10% das famílias brasileiras não têm condições de pagar o que devem. A situação é piorada pelos juros altos, que dificultam a quitação de dívidas já atrasadas. No atual cenário, uma reeducação financeira não seria suficiente para a resolver os problemas econômicos dos brasileiros, uma vez que os salários estão defasados.
Cálculos do Dieese mostram que o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas seria equivalente a R $6.306,97. É quase seis vezes mais do que é pago hoje. O pagamento vem em uma crescente desvalorização. De 2017 a 2022, o real perdeu 30% do seu poder de compra, segundo o IPCA.
As consequências da diminuição do poder de compra e do aumento das dívidas se refletem na piora da qualidade de vida das famílias brasileiras. Começa pela troca de produtos de maior qualidade por inferiores, de menor preço. Passa pela substituição de verduras e frutas pela compra de industrializados mais baratos. Mas muitas vezes não há mais o que reduzir e o jeito é buscar um serviço extra para complementar a renda nas horas vagas. Com isso, muitos chefes de família acabam caindo em jornadas duplas ou triplas de trabalho e se encaminham cada vez mais à precarização. (Metro1)