Raul Gazolla, 65, revelou que um amigo se ofereceu para matar Guilherme de Pádua, 51, quando ele assassinou Daniella Perez (1970-1992). “Tinha um amigo que era contraventor. Quando ele soube do caso não foi me visitar, não foi no enterro, nem nada. Passado o enterro, ele mandou me chamar na casa dele e falou ‘estou mandando descer todas as pessoas que conheço e a gente vai explodir a 16ª Delegacia e matar o cara, porque ninguém faz isso com mulher de amigo nosso'”.
O ator conta ter demorado mais de duas horas convencendo o amigo a não fazer isso. “Foi porque sou gente boa? Não, mas porque, para mim, a história estava mal contada, tinha mais coisa aí. O rapaz precisava viver para contar a verdade. Além do mais, quando você explode a 16ª para matar alguém, você vai matar inocentes. Eu não posso dormir com esse barulho na minha cabeça”, ponderou Gazolla em entrevista ao canal Rap 77, de Júnior Coimbra.
O que mais aborrece o artista é não ter visto arrependimento em Pádua e em sua cúmplice e mulher à época do crime, Paula Thomaz, 51, quando falam sobre o caso. “A única coisa que me incomoda muito, na verdade, mesmo tentando ser uma pessoa melhor, é que ele sempre veio a público, de nariz em pé, e disse ‘aconteceu o que deveria acontecer’. Nunca disse ‘que m**** que eu fiz’, nem ele nem a mulher”, falou Gazolla, emendando que reza, pedindo para nunca encontrar o criminoso novamente.
“Todas as entrevistas que vi, ele nunca se arrependeu. O que carrega dentro dele é ‘perdi a oportunidade de continuar sendo ator’, que era tudo pra ele”, acredita Gazolla, que contou ter se mantido dentro da normalidade no primeiro ano após a perda de Daniella, graças ao apoio da mãe e dos amigos. Ele destacou que foi um grande trauma e que a vida dele se divide em “antes e depois da Dani”.
“No primeiro ano me mantive um cara normal, mas eu não andava, não sentia o chão porque eu não conseguia entender como é que alguém poderia matar uma pessoa com quem estava contracenando e que não havia feito nada de mau”, relembrou, dizendo que Silvio Abreu, autor de “Deus Nos Acuda” (1992-1993), novela na qual atuava, ligou, perguntando se ele gostaria de deixar o elenco para se recuperar, proposta que Gazolla negou, pediu apenas uma semana de afastamento da trama.
“Para eu terminar a novela que estava fazendo foi um suplício. Eu não conseguia decorar. Foi muita ingenuidade minha achar que depois de uma semana eu ia poder gravar. Eu pensei ‘vai me fazer bem’, mas esse crime tinham tantos pormenores, tantas coisas que fomos descobrimos. Foi um momento muito difícil”, concluiu.
Em 1992, Daniella era um dos destaques da novela “De Corpo e Alma”, escrita pela mãe, Glória Perez, 72, e fazia par romântico com Pádua. Tomaz e ele foram condenados por homicídio duplamente qualificado, com motivo torpe e sem possibilidade de defesa da vítima.
Sentenciada a 16 anos de prisão, Thomaz deixou o regime fechado em 1999, após cumprir um terço da pena. Depois, se formou em direito, se casou com um advogado e atualmente assina como Paula Nogueira Peixoto.
Pádua foi condenado a 19 anos de prisão e também cumpriu um terço da pena. Desde 2017, ele é pastor de uma igreja evangélica em Belo Horizonte. No começo de 2020, chamou a atenção por demonstrar apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).