Mais quatro corpos foram encontrados nesta terça-feira (16) nos escombros dos prédios que desabaram na comunidade de Muzema, zona oeste do Rio de Janeiro, na última sexta (12). Quatro pessoas, sendo três mulheres adultas e um menor de idade do sexo masculino, foram retirados das ruínas em óbito, informaram os bombeiros.
Dessa forma, chegou a 15 o número de vítimas do desabamento de dois prédios, sendo 13 encontrados mortos nos escombros e dois que não sobreviveram já em unidades de saúde. Além dos mortos, outras 10 pessoas saíram feridas da tragédia, após as operações de resgate do Corpo de Bombeiros, que já duram quatro dias.
Mais de 100 militares estão em operação no Itanhangá. Eles contam com a ajuda de cães farejadores, drone, helicópteros, ambulâncias e viaturas de recolhimento de cadáveres. No momento, os bombeiros trabalham com a informação de que mais nove pessoas estão desaparecidas.
O número foi obtido de acordo com informações recolhidas com moradores do local. Os edifícios que desabaram eram irregulares, como muitas das construções na região, que é dominada por milícias. Um dos campos de atuação dos milicianos é a grilagem de terras e a exploração imobiliária ilegal.
Em janeiro, a operação Intocáveis mirou líderes milicianos que controlavam Muzema e a vizinha Rio das Pedras. Um deles é o ex-PM Adriano da Nóbrega. Foragido há quase três meses, ele foi companheiro no 18o Batalhão da PM de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) sob investigação do MP-RJ, e tinha a mãe e a mulher nomeadas no gabinete do senador quando este exercia mandato na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Adriano também foi homenageado por Flávio na Alerj com a Medalha Tiradentes e defendido pelo presidente Jair Bolsonaro em discurso na Câmara quando foi condenado por homicídio -caso no qual foi absolvido um ano e três meses depois.
O ex-PM é acusado de comandar a milícia das comunidades de Rio das Pedras e Muzema, local onde houve o acidente com duas mortes. As investigações do MP-RJ apontam que ele tinha liderança também na exploração de construções irregulares da região. A Prefeitura do Rio de Janeiro afirma que o grupo paramilitar dificulta a atuação de fiscais do município na região. Segundo a gestão Marcelo Crivella (PRB), os dois imóveis que desabaram são irregulares. (Folhapress)