Salvador: Médico que assediou mãe e filha em consulta disse às vítimas que costumava guardar camisinha no consultório

Foto: Reprodução

A polícia solicitou à Justiça a prisão preventiva do médico Carlos Soares de Almeida, 70 anos, após uma denúncia de assédio sexual contra duas pacientes. De acordo com as vítimas, mãe e filha, de 40 e 23 anos, o assédio aconteceu durante uma consulta no Instituto de Dermatologia e Alergia da Bahia (Idab), localizado no Canela, em Salvador. Às mulheres, Carlos chegou a dizer que costumava guardar preservativos no consultório, como modo de insinuar que praticava sexo no local.

De acordo com a Polícia Civil, as vítimas prestaram queixa na 1ª Delegacia (Barris) e apresentaram áudios que comprovaram o crime de importunação sexual. À polícia, as vítimas relataram que durante o atendimento, ocorrido no dia 16 de agosto, o médico fez perguntas constrangedoras sobre sexo, chegou a agarrar e rasgar a roupa de uma delas e, por fim, colocou a mão da vítima na genitália dele.

“Elas foram ouvidas e apresentaram gravações em áudios que comprovaram o assédio. O procedimento já foi concluido, com a prisão preventiva do suspeito solicitada à Justiça pelo crime de importunação sexual”, informou a Polícia Civil, por meio de nota.

Advogado de defesa das mulheres, Edson Hirsch disse ao Metro1 que as vítimas, uma operadora de caixa e a filha dela, que é estudante, tiveram medo de denunciar o crime. Edson conta que as mulheres foram até o local, onde a jovem faria exames para tratar de uma alergia, e foram surpreendidas durante o atendimento.

“São pessoas de baixo poder aquisitivo, que se esforçaram para pagar a consulta porque se trata de uma clínica popular. Ficaram e estão muito assustadas. Ele achou a dizer para elas que leva camisinhas para o consultório, além das outras palavras de baixo calão”, conta.

De acordo com o advogado, embora a consulta tenha sido agendada para a filha, em determinado momento, Carlos pediu que a jovem saísse do consultório. “A mãe até achou que a menina estivesse com alguma coisa grave e que ele não queria falar na frente dela. E foi quando tudo aconteceu”, acrescenta Edson. Segundo ele, o médico não procurou as vítimas depois da denúncia.

“Não há retratação para algo assim. A intenção delas, ao denunciar, é fazer com que outras vítimas tenham coragem de fazer a mesma coisa. Isso não pode mais acontecer e ficar impune”. O advogado protocolou um procimento administrativo junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).

Em nota enviada ao Metro1, a autarquia se limitou a dizer que “já tomou as medidas pertinentes” e que “continuará trabalhando por todos os meios ao seu alcance pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo bom conceito da profissão e dos que a exerçam legalmente”.

Procurado pela reportagem, o Idab afirmou que não se pronunciaria. Carlos Soares atende no local há 40 anos.

O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) também foi procurado pela reportagem, mas ainda não retornou o contato.

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