Uma socialite carioca acusa o ex-motorista, José Marcos Chaves Ribeiro, de a ter mantido em regime de cárcere privado por mais de 10 anos no próprio apartamento, em Copacabana, no Rio de Janeiro. A mulher, identificada como Regina Lemos Gonçalves, 88, herdou uma fortuna bilionária do marido, que morreu há 30 anos. Ela não tem filhos. As informações são do programa Fantástico, da Rede Globo.
Foi só no dia 2 de janeiro deste ano que ela conseguiu sair sozinha do apartamento e foi para casa do único irmão vivo, que também mora em Copacabana. “Eu resolvi fugir. Resolvi pôr um final nisso. O dia que eu fui procurar a casa do meu irmão, falei, cheguei, eles assustaram. Eu havia emagrecido mais de 30 quilos. Tava osso puro”.
No dia seguinte à situação, a Justiça concedeu uma medida protetiva para que o ex-motorista fique no mínimo 250 metros longe dela. Em 6 de janeiro, policiais foram até o apartamento, mas Marcos deixou o local antes dos agentes chegarem.
Marcos declarou que saiu do apartamento por conta de um surto, ocasionado por um estado de confusão mental. Mesmo com a medida protetiva, ele conseguiu o direito de administrar todo o patrimônio da socialite.
Regina sempre foi rica, mas ela enriqueceu ainda mais após a morte do marido, quando herdou uma herança bilionária. O marido, Nestor Gonçalves, era fazendeiro e empresário, e chegou a ser dono do parque gráfico que produzia os baralhos da marca Copag.
Motorista foi contratado em 2010
De acordo com a socialite, Marcos foi contratado em 2010 para trabalhar como motorista, mas acabou a isolando do mundo exterior. Era ele, por exemplo, quem atendia as ligações feitas à casa de Regina. “Ele pegava celular…. Eu vivia assim… Sem poder ter contato com ninguém. E tudo do jeito que ele pensava e depois saía, eu ficava. Eu ficava em cativeiro”.
Marcos nega que era ‘apenas’ um empregado da socialite. Ele afirma que os dois viveram um relacionamento amoroso. Ela nega. “Uma audácia, um atrevimento”, ela diz.
Existe, no entanto, uma escritura de união estável entre os dois, registrada em 2021. Na época, Marcos tinha 55 anos e Regina 85. O documento consta que os dois estavam em pleno uso das faculdades mentais. Atestados psiquiátricos chegaram a ser apresentados para comprovar a saúde da idosa.
Ela diz que não se lembra de ter assinado o documento. Familiares afirmam que Regina vivia sob efeito de remédios. “Uma pessoa coagida, drogada, dopada, com medo. Se mulheres jovens, atuantes na internet, elas sofrem esse tipo de assédio, imagina uma mulher clássica, da ‘belle époque’?”, questiona Álvaro O’hara, estilista e amigo da socialite.
Em dezembro de 2023, Marcos entregou um outro laudo à Justiça, de outro psiquiatra, afirmando que, agora, Regina apresentava um quadro de demência avançada com déficit cognitivo grave, o que a incapacitava para a prática de atos da vida civil. Ao saber disso, Regina ficou furiosa e decidiu fugir do local.
Agora, aos 88 anos, Regina tem planos para a próxima semana: ver o show da Madonna no Rio de Janeiro. “Quero voltar a ser feliz. Porque pra mim tudo é festa”.
Fonte: Correio