O homem suspeito de atropelar e matar um agente de trânsito em Salvador se apresentou à polícia e prestou depoimento nesta segunda-feira (2).
O homem, identificado como Franklin Anjos, foi liberado depois de ser ouvido e vai aguardar a conclusão do inquérito em liberdade.
De acordo com o delegado Thiago Pinto, Franklin Anjos falou que comprou o veículo envolvido no acidente e que atropelou Jailton Pereira do Nascimento, de 53 anos, quando buscava a namorada, que trabalha na região do bairro do Imbuí.
O suspeito disse também em depoimento, que outras duas pessoas estavam no veículo. No entanto, as identidades delas não foram reveladas.
O delegado Thiago Pinto informou que Franklin Anjos tem passagem na polícia por roubo e receptação. O inquérito ainda não foi concluído, mas o caso é considerado como homicídio doloso.
Franklin se apresentou com um advogado, que preferiu não comentar o assunto. O dono do automóvel, o empresário Luís Fabiano Gomes, e o amigo dele, Humberto Humberto Mascarenhas, acusado pelo primeiro, de ter emprestado o carro para Franklin, devem ser ouvidos mais uma vez pela polícia.
Uma das testemunhas do atropelamento de Jailton na última quarta-feira (27), foi ouvida pela polícia na tarde de sexta-feira (30), no bairro da Boca do Rio, também em Salvador. O homem, que não quis ser identificado, trabalhava com a vítima há cerca de 15 anos.
“Paramos, abri a mala. O colega Jailton foi fazer a sinalização de mão, gesticular para os veículos passarem para as outras faixas. Com a mala já aberta, eu desloquei para a porta traseira do lado direito da viatura para pegar minhas luvas de proteção, nesse momento que aconteceu a situação”, relatou.
No dia do acidente, Jailton trabalhava na organização do trânsito da Avenida Luis Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela. O carro bateu na traseira da viatura da Transalvador e o impacto arremessou o agente para o canteiro da pista.
As pessoas que estavam no carro deixaram o local e não prestaram socorro a Jailton Pereira. Imagens exclusivas mostram o momento do acidente.
Trabalhadores da Saúde que passavam em uma ambulância pela avenida, socorreram o agente de trânsito, mas ele não resistiu aos ferimentos. Jailton foi enterrado na quinta-feira (28), no cemitério Campo Santo, em Salvador.
Dono do veículo diz que carro estava com amigo
O dono do veículo que atropelou e matou o agente de trânsito afirmou na sexta-feira (29), que não estava no carro no momento da colisão. Ele contou que não utiliza o automóvel há cerca de dois anos e que o veículo estava com um amigo.
De acordo com o dono do veículo, o empresário Luís Fabiano Gomes, o carro estava estacionado na garagem do imóvel onde mora um amigo identificado como Humberto Mascarenhas.
Segundo o proprietário, o carro deixou de ser utilizado há dois anos por causa de uma decisão judicial relacionada a um processo de divórcio. Ainda assim, o veículo não poderia ser utilizado e seu amigo Humberto não possuía a chave.
Ele afirma que tem como provar, por meio das câmeras do prédio, que estava em casa no noite em que o acidente aconteceu. Quando soube da situação, Fabiano relatou que ficou em choque.
“Eu reconheci meu carro, passei mal e tive que me dopar de remédio para dormir. Eu evitei tanto rodar com o carro e agora levo esse susto de uma pessoa vir a óbito. Sinto muito pela família dele [agente de trânsito]”, desabafou o empresário.
Foi identificado também que o veículo tinha multas registradas, mas Fabiano afirma que as infrações não foram causadas por ele.
Amigo se defende
Humberto Mascarenhas, o amigo do empresário Luís Fabiano Gomes, confirmou que o veículo estava estacionado em sua garagem. No entanto, garantiu que não conduzia o carro no dia do acidente. Ele sinalizou que emprestou o carro a outro homem, identificado apenas como Franklin.
“Eu estava com uma dificuldade financeira e passei esse carro para Franklin, ele me emprestou um dinheiro e ficou com o carro como garantia. Só que não era para ele estar rodando com o carro”, afirmou.
O dono do veículo, Fabiano, não sabia que o carro havia sido penhorado. Ele também não reconheceu nenhuma das pessoas que aparecem nas imagens do acidente.
Ainda segundo Humberto, Franklin teria causado o acidente. Ele não sabe o motivo do homem não ter prestado socorro à vítima. (G1)