Assim que soube do quadro irreversível de Paulo Gustavo, Tatá Werneck, uma das mais ativas na corrente de oração pela saúde do amigo, não quis acreditar que era o fim. Não que negasse a realidade, mas é que, como ela mesma define, “nada era irreversível para o Paulo” (“ele estaria dizendo ‘como assim? me deixa'”). Tomada pela emoção, tratou de dar ao humorista aquilo que é mais caro na vida dos artistas: aplausos.
Foi para a janela de casa e bateu palmas em homenagem ao amigo enquanto gritava “bravo!”. Ligou para Ingrid Guimarães e Heloísa Périssé, que encorparam o coro. Em depoimento exclusivo, a humorista fala com carinho do amigo que perdeu na última terça-feira (4). Em meio às memórias, ela conta que Paulo animou o ambiente do hospital enquanto esteve consciente.
“O Paulo brincava muito com os enfermeiros, contava piadas, fazia de tudo para animar aquele lugar. Nas duas vezes em que me ligou por Facetime disse que o humor o estava salvando. Os enfermeiros diziam que não ia ter corredor suficiente no hospital de tanta gente que o aplaudiria quando se recuperasse”.
“Tudo no Paulo é majestoso, grandioso. Ele ia para o teatro e era um fenômeno. Para o cinema, e fazia a maior bilheteria. Do mesmo tamanho era o seu nível de generosidade. Qualquer pessoa que ele soubesse que tinha um grande talento, ele fazia o que podia para que tivesse sucesso. Com a Iza foi assim”.
Paulo é tão intenso que sempre que o encontrava parecia que ele havia ficado dias ensaiando para aquele momento ser tão especial. Nunca passei um dia mais ou menos com ele.
“Impossível falar dele no passado, porque o Paulo é vida. O Paulo tem um jeito único de fazer humor. Você vê hoje em dia várias pessoas falando com o Paulo Gustavo, agindo como ele. Está deixando um legado de filmes incríveis, histórias de emoção, personagens lendários. Criou uma embocadura, uma entonação, uma maneira de falar as coisas com licença poética que lhe permitia criticar o que ninguém consegue. É perfeccionista, pensa em cada detalhe, não aceita nada mal feito”.
É desesperador o que está acontecendo.
Sempre tive muito medo da morte, mas não tem como esse lugar não ser bom, porque o Paulo anima qualquer lugar.
“O Paulo é essa pessoa que está dilacerando a gente de saudade, mas pensar que em cada vida perdida para a Covid-19, nas famílias que estão sofrendo. As pessoas precisam entender que não é brincadeira. Pensar que através do seu trabalho honesto conseguir ter recursos para ter a melhor estrutura, mas mesmo assim não foi suficiente.” (Fonte: iBahia)