Em festa pelo título da Copa América, Tite terá ajustes a fazer na estrutura da seleção brasileira na sequência do ciclo até a Copa do Mundo de 2022, que será disputada no Qatar.
Sua comissão técnica, que já ficou desfalcada com a saída de Sylvinho antes mesmo da disputa da competição continental, terá mais uma baixa. As mudanças não ocorrerão apenas nos postos inferiores ao do treinador, ao menos do ponto de vista hierárquico.
Edu Gaspar, coordenador de seleções escolhido pelo próprio Tite para chefiá-lo no momento em que foi contratado, está de saída para o Arsenal.
Ex-jogador do clube inglês, o dirigente assumirá um cargo de gerência em sua velha casa, algo que já está acertado há alguns meses. Ele decidiu ficar até o término do torneio sul-americano, porém a CBF já vinha se movimentando para substituí-lo.
O nome que desponta para a vaga aberta é o do ex-jogador Juninho Paulista, campeão do mundo como camisa 19 do Brasil em 2002.
Ele ostenta o cargo de diretor de desenvolvimento na confederação desde abril e tem bom trânsito com a cúpula da entidade, tendo frequentado o ambiente do grupo verde-amarelo já na preparação para a Copa América. Juninho preenche os requisitos que têm sido usados como base para o cargo, ocupado por Gilmar Rinaldi antes de Edu Gaspar: ter jogado bola e ter experiência em cargo de gerência.
O ex-meia, hoje com 46 anos, trabalhou por dez na gestão do Ituano, o clube que o revelou, e se entendeu bem nas conversas com o presidente da CBF, Rogério Caboclo. “Ele representa o que queremos para o futebol brasileiro. É um vencedor dentro e fora de campo, um exemplo de seriedade e profissionalismo. É pentacampeão do mundo com a seleção brasileira, é ídolo dos clubes em que atuou e tem sólida carreira como dirigente.” declarou Caboclo, há três meses, quando contratou o ex-atleta.
Será surpresa se Juninho não for o escolhido, mas há ainda outros postos a serem preenchidos na CBF.A saída de Sylvinho, ex-jogador que exercia o papel de auxiliar e assumiu o comando do Lyon, da França, acarretará no adeus de outro profissional: Fernando Lázaro, filho do ex-lateral direito do Corinthians Zé Maria. Ele vai fazer parte da equipe de Sylvinho à frente do clube francês.
Lázaro permaneceu na comissão até a conquista deste domingo (7). Ele era responsável pela análise em vídeo dos jogadores da seleção e também dos adversários, mas tinha ganhado importância também nos próprios treinamentos da equipe, conduzidos por Tite e por seu auxiliar principal de longa data Cleber Xavier.
Quem vai ficar, apesar dos questionamentos, é Matheus Bachi, filho do treinador. Com o adeus de Sylvinho, o jovem de 30 anos assumiu o terceiro posto na hierarquia da comissão técnica, atrás apenas de seu pai e de Cleber. Seu currículo é inexpressivo, porém sua capacidade é sempre defendida pelo técnico da seleção.
Com o título da Copa América, Tite ganhou fôlego para bancar Matheus e fazer escolhas. De qualquer maneira, o desenho da comissão técnica e da estrutura do departamento de futebol da CBF serão diferentes do imaginado inicialmente para o ciclo que tem como objetivo buscar o hexacampeonato no Mundial de 2022.
Enquanto aguarda para ver qual será a nova configuração do comando da seleção, Tite segue bem quisto entre os jogadores.
Eleito o craque da Copa América e capitão da seleção brasileira, o lateral direito Daniel Alves, 36, rasgou elogios ao comandante após a vitória por 3 a 1 sobre o Peru neste domingo na final do torneio, momentos antes de levantar a taça.
“Falei antes que o capitão do nosso barco é o Tite. Não sou eu e não é nenhum outro jogador. Simplesmente eu represento todos os jogadores [por ser capitão]. Vou ter a honra de levantar a taça em homenagem aos nossos atletas, que lutaram bastante par estar aqui e conseguir o objetivo”, disse à rádio Globo.
Na entrevista, o capitão de Tite também elogiou a comissão técnica como um todo e a postura da torcida brasileira durante a final deste domingo. (Folhapress)