Um grupo de torcedores está mobilizando-se para criar um movimento LGBT na torcida do Inter. O projeto, surgido a partir de uma troca de ideias no Twitter, já reúne pelo menos 20 colorados que tiveram a sua primeira reunião formal nessa quinta-feira à noite e devem procurar o clube em busca de mais informações nos próximos dias. A ideia surgiu justamente por causa de cantos homofóbicos da própria torcida. “Fui ao Gre-Nal da primeira fase na torcida mista com o meu pai, que torce para o Grêmio, e me peguei cantando uma das músicas. Ali eu percebi que estava ofendendo não só meu pai como a mim mesmo”, afirma Thiago Vargas, de 21 anos. A partir dali, compartilhou no Twitter a ideia de um espaço para torcedores LGBT no Beira-Rio. Quase que imediatamente, o tema tornou-se polêmico tanto com apoios irrestritos, como com críticas e ameaças. “Estou acostumado, sempre tive que lidar com preconceito. Algumas respostas afirmando que isso só tem no Grêmio (em referência à extinta Coligay) só reforça o quanto isso é importante”, aponta Thiago. Um dos apoiadores da ideia, o jornalista Tafael Medeiros, de 29 anos, conta que simplesmente por mostrar-se favorável à ideia de Thiago, perdeu 100 seguidores de um dia para o outro no Twitter. “Fui chamado de tudo, mas não me atinge. Não sou gay, mas não vou deixar de defender essa ideia por causa de uma turma de ignorantes”, assegura Tafael. O projeto não prevê a criação de uma torcida organizada e está mais voltado a questões de segurança. “Infelizmente, hoje a gente precisa de um espaço. Em um mundo ideal não precisaria, mas enquanto o mundo ideal não acontece, lutamos com as armas que temos. Vamos fazer questão de mostrar que a gente existe”, assegura Thiago Vargas. Procurado para comentar o tema, o vice de relacionamento social do Inter, Norberto Guimarães, não retornou às tentativas de contato. (Correio do Povo)