Três suspeitos de envolvimento nas mortes de PMs morrem em confronto em Anagé

O tenente Luciano Libarino Neves (à esquerda) e o soldado Robson Brito de Matos (à direita) foram mortos em Vitória da Conquista — Foto: Arquivo pessoal

Três homens suspeitos de envolvimento nos assassinatos do tenente Luciano Libarino Neves e do soldado Robson Brito de Matos, em Vitória da Conquista, no dia 13 de julho deste ano, morreram na tarde desta quarta-feira (28), em confronto com policiais, na cidade de Anagé, cidade que também fica no sudoeste da Bahia e a cerca de 50 km de Vitória da Conquista.

Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), os homens, que fazem parte de um grupo de ciganos, foram encontrados, às margens do rio Gavião, após uma denúncia anônima que relatava a presença de homens armados.

De acordo com a SSP-BA, equipes da 79ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) e da Delegacia Territorial (DT) foram até o local onde aconteceu o confronto.

O órgão de segurança pública informou que os três terminaram feridos, foram socorridos e levados para o Hospital de Anagé, mas não resistiram. Um quarto homem, que também é cigano e participou do confronto, conseguiu escapar do cerco montado pelos policiais e é procurado.

Os homens que morreram foram identificados como Sólon da Silva Matos, de 21 anos, Diogo da Silva Matos, de 34 anos, e Bruno da Silva Matos, de 30 anos.

A SSP informou que com o trio, os policiais recuperaram a pistola calibre .40 do soldado Robson Brito, roubada após ele ser morto.

No dia 19 de julho, o Instituto de Ciganos do Brasil (ICB) emitiu uma nota pedindo intervenção do poder público, em Vitória da Conquista, após a morte dos dois policiais. A comunidade afirma que vem sofrendo represálias desde então.

De acordo com a delegacia que investiga o caso, a suspeita é de que o crime tenha sido cometido por pessoas que fazem parte da comunidade cigana. Por causa disso, os povos, de pelo menos três etnias ciganas diferentes, têm sofrido represálias de policiais militares e a situação tem causado pânico entre eles.

Ameaças nas redes sociais

Além das represálias nas comunidades, as famílias ciganas têm recebido ameaças nas redes sociais. Em uma publicação que viralizou na internet, foi publicado que a comunidade “vai sentir o cajado forte”. Informações iniciais são de que a postagem foi feita por um policial.

Para o ICB, a publicação se trata de uma “grave violação de Direitos Humanos” e que “representantes da Segurança Pública da Bahia estão expressando seu desejo de matar”.

O G1 questionou à PM se o policial que fez as ameaças já foi identificado, e se a polícia pretende tomar alguma atitude com relação a esse comportamento, mas a PM não respondeu.

Adolescente baleado

Um adolescente de 13 anos, que faz parte de uma família cigana, foi baleado dentro de uma farmácia no centro da cidade, na noite de 14 de julho. Segundo a Polícia Civil, um homem entrou no estabelecimento e disparou contra ele.

O delegado Ney Brito, responsável pela 10ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin) informou que o garoto não participou do crime contra os policiais, mas seria irmão dos suspeitos, que fugiram da cidade.

O adolescente foi socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado a um hospital da cidade, onde deu entrada em estado grave. Não há detalhes sobre o estado de saúde dele.

A delegacia da cidade disse que câmeras de segurança do estabelecimento registraram a ação e serão analisadas.

Suspeito preso e outros mortos
A Delegacia de Homicídios de Vitória da Conquista apurou que o crime contra os policiais foi cometido por dez pessoas: um pai e nove filhos. Três desses suspeitos morreram em confronto com policiais militares – um dos casos ocorreu na própria cidade e outros dois em Itiruçu.

O homem identificado como sendo pai dos suspeitos, e que também teria participado da ação, está preso. Ele, que foi baleado em uma ação policial no mês de julho, está custodiado no Hospital de Base da cidade, e já teve prisão preventiva decretada. Outros três suspeitos são considerados foragidos. (G1)

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