Vaquinha online tenta arrecadar R$ 6 mil para ajudar gato vítima de agressão em Salvador

Foto: Arquivo Pessoal

A rotina da corretora de seguros, Flávia Pinheiro, de 35 anos, era de colocar ração e água para os gatos e cachorros da Rua Henriqueta Martins Catarino, na Federação, em Salvador, três vezes por dia. Mas, desde o dia 5 de março, tem sido de idas e vindas à clínicas particulares e ao Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Um dos gatinhos, carinhosamente apelidado de Samuel, sofreu maus tratos e teve fraturas nas patas e rabo, obstrução na bexiga, edema e inchaço nos rins e abdome. Ao todo, aproximadamente R$6 mil já foram gastos em procedimentos. Para conseguir bancar os cuidados, Flávia resolveu fazer uma vaquinha online, mas só arrecadou R$75 até agora. 

“Eu conversei com os veterinários e eles me disseram que é espancamento, que alguém bateu nele. Quando eu o encontrei, não tinha nenhuma marca de pneu, nenhum sangue, foram todos ferimentos internos. E a fratura no rabo, de acordo com os veterinários, indica que foi alguém puxando ele”, conta a corretora.  

Samuel está com problemas na bexiga e ainda vai precisar passar por mais cirurgias (Foto: Arquivo Pessoal)

Essa não é a primeira vez que algo do tipo acontece naquela rua. Flávia diz que já precisou por diversas vezes fazer curativos em animais de lá. Certa vez, a cadela de um vizinho, que era maltratada por ele, pegou bicheira. Foi Flávia quem comprou medicamentos e arrancou as lavas com auxílio de uma pinça porque não tinha condições financeiras de levá-la a uma clínica ou hospital. 

A corretora de seguros, que tem três gatos e um cachorro, todos adotados, diz que não gosta de pedir ajuda, mas que, desta vez, não viu outra saída.

“Eu e minha mãe damos ração para os animais daqui da rua. A gente tira do nosso bolso mesmo, nunca pedi ajuda porque as pessoas criticam demais, ainda mais com gato, têm um preconceito. Aí às vezes eu tiro da ração que comprei para os meus e faço a divisão para dar para todo mundo. Dessa vez, não tive como não pedir ajuda porque é atendimento, é exame, clínica e eu não tenho de onde tirar para bancar”.

Flávia ao lado da cadelinha Karen (Foto: Arquivo Pessoal)

Flávia diz que, mesmo sendo criticada, não consegue não se sensibilizar com a situação dos animais. “Eu fui só passando cartão atrás de cartão para depois pensar no que fazer. Porque foi tudo de surpresa e de urgência. Eu não consigo simplesmente virar as costas, deixar para lá, não tenho esse sangue frio. Várias pessoas criticaram, dizendo que era gato de rua, mas eu não consigo não me importar”. 

Os ferimentos

Samuel apareceu na rua de Flávia no ano passado. Segundo ela, ele parece ter sido abandonado, pois estava bem tratado e é bastante dócil e não apresenta resistência nem para tomar banho. Flávia então passou a dar comida e água para ele, junto com os outros animais da rua. “Ele aparecia aqui no portão umas três a cinco vezes por dia, tanto que a gente se apegou, apelidamos de Gatão e, depois, de Samuel”, conta. 

Samuel antes dos ferimentos (Foto: Arquivo Pessoal)

No dia 4 de março, nenhum sinal de Samuel. Flávia logo estranhou. No dia seguinte, ele foi encontrado ao lado de uma moto, acuado, bem diferente do que costumava ser. “Quando eu me aproximei, ele foi bem agressivo e ele nunca foi disso, então eu soube logo que tinha algo errado. Quando consegui pegar ele, vi que a pata estava inchada e ele não conseguia andar direito, parecia estar com dor”, narra a corretora de seguros. 

Foi aí que Flávia o levou para a emergência de uma clínica veterinária particular. Foram feitos diversos exames e constataram que ele tinha uma fratura na pata e, a bexiga, que estava cheia, foi esvaziada. Flávia e Samuel voltaram para casa, mas, na madrugada, ele teve algo parecido com uma convulsão. “Ele ficou de batendo e eu levei correndo de volta para a clínica, aí ele ficou internado por três dias”, diz Flávia. 

O abdome e o rim de Samuel estavam inchados e encontraram um edema na região do ânus, além da fratura no rabo, que vai precisar ser amputado. Flávia então o levou para a clínica da Ufba e lá descobriram que ele está com um problema mais grave na bexiga, de obstrução. Além disso, foi constatada uma fissura e Samuel precisou passar por uma cirurgia de sutura. Apesar de ter preço popular, a Ufba cobra pelo atendimento. Lá não tem internação e o atendimento só acontece de segunda à sexta. 

“Eu fiquei então numa saga, sem carro, de idas e vindas. Eu vou de segunda à sexta para o Hospital Veterinário, chego no início do dia e saía no final. Em casa, fico com muito medo dele ter algo e eu precisar levar na clínica particular. Quando é final de semana, então, é uma tensão enorme. Desde o início disso tudo eu mal durmo direito, fico colocando despertador para ir olhar ele e ver se está tudo bem, acho que já perdi uns 3kg”, desabafa Flávia. 

Agora, Samuel está com uma sonda e é Flávia quem faz, em casa, os procedimentos de lavagem, após ter sido orientada pelos veterinários para não precisar recorrer à clínica particular. Além dos gastos com exames, internações e atendimentos, Flávia também precisou comprar medicamentos. 

“Ele ainda está com sonda e precisa tirar os pontos. E tem a cirurgia para as fraturas da pata e amputação do rabo. A questão da bexiga é algo mais complexo do que parecia e ele vai precisar ficar em tratamento por algum tempo, então estou bastante preocupada de como vou fazer para pagar tudo isso. No meio disso tudo, vejo ele triste, acuado. Ele vivia na rua, era solto, deve estar sendo muito difícil para ele. Eu vejo ele estressado e fico fazendo carinho para acalmá-lo, mas dá muita pena”, diz a corretora. 

Para quem quiser e puder ajudar, o link da vaquinha virtual é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajuda-para-o-gatinho-samuel. O pix de Flávia é psflavia@gmail.com. 
 

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