Venezuela vive clima de tensão com eleição presidencial

Nicolás Maduro / Foto: Redes Sociais

O domingo promete ser tenso no país vizinho Venezuela. E até mesmo sangrento se as palavras do ditador Nicolás Maduro se concretizarem. No comando do país venezuelano desde 2013 após a morte do aliado Hugo Chávez , ele disse que haverá um “banho de sangue” se perder a eleição para o adversário político Edmundo González Urrutia. Pesquisa divulgada nesta semana apontou que o oposicionista lidera com 60% das intenções de votos, segundo o Instituto Delphos, já Maduro tem 24,6%.

A declaração do ditador provocou reações, inclusive, do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem sido aliado do regime chavista. O petista declarou que ficou assustado com a fala do venezuelano, que respondeu com provocação. “Quem se assustou que tome um chá de camomila”, afirmou Maduro. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) disse que a fala do comandante venezuelano põe em xeque o pleito presidencial. Também informou que há registros no país de “ataques” a líderes opositores e detenções arbitrárias de ativistas e jornalistas.

No embate com o Brasil, Maduro também atacou o sistema eleitoral do nosso país. Ele mentiu e disse que as eleições brasileiras não são auditadas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que iria enviar técnicos para acompanhar o pleito na Venezuela, desistiu depois da agressão do ditador. “A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, desqualifiquem-se com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, afirmou o tribunal.

Se Lula tem demonstrado incômodo com as falas de Maduro, o seu assessor especial para assuntos internacionais, Celso Amorim, tem ‘passado pano’ para o ditador. Ele disse que as declarações de Maduro sobre o sistema eleitoral “não foram ofensivas conosco, que foram alusões”. Afirmou também não acreditar que o “banho de sangue” irá se materializar se o comandante venezuelano perder a disputa eleitoral. “Não é desejável esse tipo de declaração, mas eu não acredito que ela se materialize. E também, ele não colocou como um banho de sangue imediato”, afirmou, em entrevista à GloboNews.

Celso Amorim desembarcou, nesta sexta-feira (26), na Venezuela para acompanhar o pleito. E, segundo a CNN, uma equipe de segurança foi com ele para protegê-lo. Também nesta sexta, as autoridades venezuelanas fecharam as fronteiras, impediram que um grupo de ex-presidentes latino-americanos, críticos de Maduro, viajasse para observar as eleições, e proibiram a entrada da delegação com dez deputados e senadores espanhóis em Caracas.

O fechamento das fronteiras foi confirmado pelo general Domingo Hernández Lárez, comandante da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e deve valer até segunda-feira (29), dia seguinte às eleições. O grupo é formado por Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México) e Mireya Moscoso (Panamá), todos membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Grupo IDEA), um fórum de direita que afirma defender a democracia na região.

Diante do ambiente tenso na Venezuela, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse que há uma preparação para eventuais reflexos do pleito venezuelano no Brasil. “Estamos monitorando a situação no local. Nossa equipe de inteligência está atuando, e o efetivo da Operação Acolhida alerta, inclusive para eventual aumento do fluxo (de imigração)”, contou ele, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo.

*Com informações de agências 

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