Nesta quinta-feira (18), a família do jovem Ícaro assassinado na localidade de Caraíva em Porto Seguro, conversou com a reportagem do Voz da Bahia e esclareceu alguns fatos sobre a história que criou uma grande comoção no município.
José Mário Jesus dos Santos, pai do Ícaro, esclareceu os últimos passos do seu filho, “a minha cunhada trabalha em Caraíva na ilha onde os meninos estavam trabalhando. O fato foi que ela estava no trabalho, quando presenciaram o meu filho sendo pego junto com o David por uma suposta facção de uma aldeia naquela localidade. Amarraram os meninos levaram para espancá-los quando foram avisar a minha cunhada. Ao chegar no local para procurar saber o que estava acontecendo, não deixaram entrar onde estavam os dois. Ela aguardou os meninos no lado de fora, pois não deixaram entrar. Segundo eles, iriam dar uma ‘sabatina’ e isso durou até 4 horas da manhã. Foi quando eu me desloquei até lá. Quando cheguei ela me deu a notícia que meu filho tinha sido assassinado, eu não sabia como reagir, mesmo assim fomos à delegacia e conversei com os policiais, então eles disseram que não poderia fazer nada, pois não chegou queixa nenhuma”, explicou.
José Mário ainda explica que após alguns contatos, o corpo do Ícaro foi localizado, “o corpo do meu filho foi encontrado na praia em uma localidade chamada Pedra do Velho, a gente tentou ir até lá para pegar o corpo, mas a polícia não deixou, pois informou que se trata de uma reserva protegida”, contou.
Em desabafo o pai do jovem revela que Ícaro foi deixado exposto a céu aberto durante horas até a chegada do DPT, “eu pedi uma lençol para cobrir o corpo do meu filho, informaram que não poderia deixar pois a facção indígena não queria que colocasse, e a gente não poderia chegar ao local pois poderiam tirar a nossa vida. Pedimos o apoio do Policial Civil e eles explicaram que realmente nós não poderíamos ir lá, porque é uma reserva e se entrarmos seríamos recebidos de maneira hostil e seríamos prejudicados, só o DPT poderia entrar” relata.
Sobre a volta do David, José Mário questiona que a história contada é mirabolante, “não existe um jovem daquele que mora em Santo Antônio de Jesus afirmar que atravessou o rio a nado. David contou que veio de Porto Seguro andando, eu que sair daqui de manhã levei quase 10 horas para chegar lá”, pontuou.
A tia do Ícaro de prenome Vera afirma que tomou conhecimento que os jovens tinham sido pegos para tomar uma surra, mas seriam soltos posteriormente, “quando cheguei ao local o pessoal tinha me dito que o meu sobrinho tinha sido morto há mais de 24 horas e o David já tinha fugido. Ainda me ameaçaram e disseram que se eu abrisse a boca à próxima seria eu”, relatou.
José Mario evidencia que David e Ícaro teriam sido pagos pela suposta facção para dá conta de dois caras que teriam realizado um assalto em uma loja na região, “como os meninos andavam sempre com esses caras que teriam cometido o assalto, queriam que os meninos desse conta deles. Pegaram meu filho 12 horas e torturaram até às 10 horas da noite. Meu filho não é traficante, meu filho não é ladrão. Eu não vou colocar panos quentes, meu filho gostava de fumar maconha, eu sou sincero, como muito jovens pretos e pobres, branco e rico fumam. Cheguei a dizer para a polícia não levantar falso e falar que meu filho é traficante, ladrão ou que roubou para usar drogas. Meu filho saiu daqui de Santo Antônio de Jesus para trabalhar como outras vezes e dessa ele achou que iria voltar com dinheiro para montar um lava-jato com esse amigo e não foi assim. E outra coisa, a pessoa que trabalha no IML informou que o cara que cortou meu filho sabia o que estava fazendo, pois cortou as artérias para fazer com que meu filho sofresse aos poucos. Uma ilha dessa não é uma ilha turística, é uma ilha de assassinos, de opressores, então eu quero deixar bem claro que até que prove o contrário, meu filho não foi pego por furto, e até que ele fosse pego, ninguém tem o direito de tirar a vida dele. Trouxesse ele ao reconhecimento da lei para fazer o papel dela, então vou deixar bem claro eu vou lutar até o fim”, confidenciou.
No final da reportagem, a mãe que é mora em Salvador revela que não tem mágoas e entrega tudo nas mãos do Senhor Deus, “eu tenho pena de vocês, porque se vocês não se arrependerem, Jesus está voltando e a irá de Deus vai ser tremenda, cada um daqueles que não se arrepender vai saber. A família do David não conversou com a gente, assim como David também não, ficamos no lado do pai do David, apoiamos ele preocupados também, pois a gente achava que havia perdido o filho e nem no velório do Ícaro ele apareceu. Deus vai cobrar de cada um de vocês, se vocês não se arrependerem dos seus pecados. Eu perdoo cada um de vocês e Jesus vai fazer justiça”, concluiu.
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Reportagem: Voz da Bahia