Se a polícia tinha motivos para suspeitar do envolvimento da empresária e ex-presidiária Shirley da Silva Figueredo na morte do marido, agora, a situação dela complicou ainda mais. Isso porque o local onde estava o corpo de Leandro Silva Troesch, encontrado morto no dia 25 de fevereiro, foi violado por três pessoas a mando da viúva. Elas entraram em um dos quartos da luxuosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaripe, no Recôncavo, e levaram uma certa quantia em dinheiro, joias e documentos que estavam em um cofre.
O empresário e também ex-detento Leandro foi achado sem vida em um dos quartos de sua propriedade no último dia 25 (reveja aqui). Desde então, o local estava isolado, pois passaria por uma segunda perícia. “Mas para a minha surpresa, o local foi mexido. Tomamos conhecimento que três pessoas a pedido de Shirley foram até o local e levaram o que podia do cofre. Saíram com algumas caixas”, relatou o delegado Rafael Magalhães, titular da Delegacia de Jaguaripe, sem dar mais detalhes sobre os investigados.
Shirley estava desaparecida desde a morte do marido. No entanto, a polícia já sabe o paradeiro dela e da amiga, a também ex-detenta Maqueila Santos Bastos, pivô das discussões do casal – Leandro não suportava a aproximação das duas e chegou a expulsar Maqueila da pousada, e dez dias depois ele foi encontrado morto.
O mistério não para por aí. O funcionário da pousada e ex-presidiário Marcel Silva, o Bili, foi assassinado no dia em que prestaria depoimento sobre a morte do patrão. Ele era considerado uma testemunha-chave do caso, pois era pessoa de confiança de Leandro. Pelo menos quatro pessoas que estariam envolvidas nesse crime já foram identificadas (saiba mais aqui). A polícia ainda não tem certeza de que as duas mortes estão diretamente ligadas.
Amigos desde a infância no bairro da Boca do Rio, em Salvador, os dois se reencontraram anos depois, no Complexo Penitenciário da Mata Escura, ocasião em que Leandro foi preso no ano passado, junto com Shirley por sequestro e extorsão de uma mulher em Salvador em 2001.
O delegado Rafael disse ainda que celulares de Shirley e de Leandro passaram por perícia no Departamento de Polícia Técnica de Salvador. “Levarei na segunda o aparelho dela para perícia. Ela entregou ao delegado na primeira vez que foi ouvida e depois sumiu. Já o celular de Leandro foi recolhido no mesmo dia que o corpo dele foi levado para o DPT. Como o aparelho está com senha, será realizada uma perícia específica para desbloqueio”, pontuou o delegado.
Magalhães disse ainda que imagens das câmeras também foram parte do inquérito que apura a morte de Leandro. “São muitas gravações que já foram enviadas para a perícia”, informou o delegado.
Relembre o crime do casal
O CORREIO teve acesso às informações do processo que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam como réus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos. De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando ela estacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram o veículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixas eletrônicos.
Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediante sequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel Le Point, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso, Leandro e Shirley.
Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradas ameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgate de R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez os saques. Já Shirley, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate.
As armas utilizadas na prática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. No entanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casal passou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.
Correio 24h / Bruno Wendel