Desde que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assumiu uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 1991, ele e seus três primeiros filhos empregaram mais de 100 pessoas com parentesco ou relação familiar entre si. Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro são, respectivamente, senador, vereador e deputado federal.
O jornal O Globo chegou a essa conclusão após um levantamento que durou três meses, com base em pesquisas nos diários oficiais e também por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Esses documentos permitiram a identificação de 286 pessoas nomeadas nos gabinetes do presidente e de seus filhos. Desse total, 102 pessoas têm relação familiar entre si, compondo um grupo de 32 famílias. Em porcentagens, isso representa 35% do total dos funcionários indicados no período.
O jornal lembra que o assunto veio à tona com o surgimento do “caso Queiroz”. Policial militar da reserva e ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) quando o segundo filho do presidente ocupava o posto de deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Queiroz emplacou sete parentes nos gabinetes de Flávio, Carlos e do próprio Jair. Isso virou notícia após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectar movimentações suspeitas na conta dele e também repasses de salários dos outros servidores (veja aqui).
Outro militar que empregou familiares foi o atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Antonio Francisco de Oliveira. Ele garantiu trabalhos para o pai, a mãe e uma tia em períodos distintos entre 2001 e 2015, no gabinete de Bolsonaro.
Além desses exemplos, a matéria ressalta que há vários indícios de que os parentes empregados não exerciam, de fato, a função descrita. É o caso de Diva da Cruz Martins e a filha Andrea. A segunda, mesmo lotada no gabinete de Carlos de 2005 até fevereiro deste ano, se identificou como “babá” ao dar entradas nos papéis de seu casamento no cartório de Nova Iguaçu, em novembro de 2013. Já sua mãe disse que “nunca” trabalhou na Câmara ao ser questionada pelo Globo. Nos registros, ela esteve lotada no gabinete de Carlos entre fevereiro de 2003 e agosto de 2005.
De acordo com a publicação, no período, o salário de Diva era de R$ 9 mil. Já o de Andrea, R$ 10,7 mil.
Único a responder os pedidos de entrevista da reportagem, Flávio disse que “a nomeação dessas pessoas ocorreu de forma transparente e de acordo com as regras da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro”. “Todas as pessoas que foram nomeadas, na época, eram qualificadas para as funções que exerciam. Trabalharam em diferentes áreas, mas sempre em prol do mandato, tanto que as votações enquanto deputado estadual foram crescentes”, justificou a defesa do senador em nota. (Bahia Notícias)