Pacientes com câncer têm um risco maior de morte ou outras complicações graves da Covid-19 em comparação com aqueles sem doenças oncológicas, segundo um estudo publicado nesta terça-feira. O grupo de maior risco é formado por pessoas com neoplasias no sangue ou nos pulmões, ou tumores que se espalharam por todo o corpo. A informação é do jornal americano Washington Post.
O estudo, que envolveu 14 hospitais na província de Hubei, na China, onde surgiu a pandemia, incluiu 105 pacientes com câncer e 536 pacientes sem câncer da mesma idade – todos infectados pela Covid-19.
Os coautores do estudo, da China, de Cingapura e dos Estados Unidos, descobriram que pacientes com câncer que desenvolveram a Covid-19 tinham uma taxa de mortalidade pelo vírus quase três vezes maior do que a taxa de 2% a 3% estimada para a população em geral.
Esses pacientes também tiveram mais probabilidade de sofrer “eventos graves”, como internação em UTI e a necessidade de ventilação mecânica. Os fatores de risco incluíram não apenas a idade, mas também o tipo de câncer, o estágio e o tratamento.
“Essas descobertas sugerem que os pacientes com câncer são uma população muito mais vulnerável no atual surto de COVID-19 ”, dizem os autores no estudo.
A pesquisa foi divulgada na reunião anual virtual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer e publicado pela “Cancer Discovery”. Antes deste, só houve mais um estudo sobre pacientes com câncer e Covid-19, mas foi analisou apenas 18 pacientes.
— Este trabalho reflete o que ouvimos anteriormente, que pacientes com câncer são mais suscetíveis ao vírus, e que o curso da infecção é pior e os resultados são piores. Mas ainda é pequeno e milhares de pacientes ainda precisam ser examinados — disse J. Leonard Lichtenfeld, vice-diretor médico da Sociedade Americana de Câncer, ao jornal americano.
O aparente maior risco de morte e outras complicações graves do vírus estão entre as questões que os pacientes com câncer enfrentam durante uma pandemia que já forçou os atrasos de alguns tratamentos, o encerramento de muitos ensaios clínicos para novos pacientes e a escassez de remédios para dores agudas, disse Howard Burris, presidente da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, ao Post.
Mais de 1,8 milhão de novos casos de câncer devem ser diagnosticados nos Estados Unidos em 2020, de acordo com a Sociedade Americana de Câncer, e mais de 600 mil pessoas devem morrer da doença. (O Globo)