O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, afirmou ontem que a exoneração da coordenadora-geral de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lubia Vinhas, departamento reponsável pelos sistemas que acompanham o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, não tem relação com o aumento dos alertas de desmatamento na Amazônia Legal.
A exoneração foi publicada na última segunda-feira (13), três dias depois da divulgação dos dados referente a junho. Uma coletiva foi feita por ele e pelo diretor interino do Inpe, o militar da Força Aérea Brasileira (FAB) Darcton Policarpo Damião, para explicar uma nova estrutura do instituto que, segundo eles, está sendo elaborada desde agosto do ano passado, quando o diretor assumiu o cargo.
Ela, no entanto, só foi anunciada agora após a exoneração de Lubia da coordenação. A pasta justificou que a servidora apenas mudou de coordenação, passando para um de base de informações georreferenciadas na nova estrutura organizacional, que é inserida em um departamento chamado Gestão de Projetos e Inovação Tecnológica.
“A transferência da Lubia para esse novo setor acabou acontecendo em um momento que acabou chamando atenção de todo mundo. Ela foi transferida por causa da reestruturação, mas o pessoal ficou olhando para o momento, pelo aumento dos alertas de desmatamento. (…) Basicamente, foi um mal entendido. Se eu tivesse prestado atenção no tempo, talvez teria esperado um pouco para fazer a mudança. Mas isso não muda nada, as coisas continuam as mesmas”, disse.
Em vários momentos, o ministro frisou que o coordenador direto dos sistema de monitoramento é Cláudio Almeida, que nesta nova estrutura irá coordenar os sistemas de monitoramento. Na estrutura de hoje, ele é coordenador do Programa Amazônia, subordinado à Coordenação-geral de Observação da Terra – cargo que era ocupado por Lubia – e que faz o monitoramento da Amazônia.
“Pelas características da doutora Lubia, ela foi designada a gerenciar esse projeto que tem uma importância estratégica grande”, justificou Pontes. Agora, Cláudio cuidará dos sistemas de monitoramento em uma área dentro do departamento de Gestão de Projetos e Inovação Tecnológica, e Lubia cuidará de outra área dentro da mesma coordenação. Conforme nova estrutura, ficará subordinada à Gestão de Projetos os trabalhos outras duas áreas – uma delas é o acompanhamento das queimadas.
No ano passado, o ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão foi exonerado também após a divulgação de dados que mostraram um aumento expressivo do desmatamento e que foi amplamente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro. Questionado, Pontes afirmou que ele não foi demitido por causa dos resultados, mas por causa das discussões que teve com o presidente Jair Bolsonaro, quando rebateu as críticas do chefe do Executivo. “Na época, ficou bem explicada a situação”, disse.
Esta reestruturação, conforme explicado pelo diretor Darcton Damião, irá agrupar áreas que ficavam descentralizadas. O militar afirma que a estrutura atual possui muitos diretores e uma base escassa, com coordenações com uma pessoa só. A ideia foi mudar isso, mas sem suprimir nenhuma das estruturas do Inpe, com apenas um trabalho de reposicionamento. (Bahia Notícias)