Um novo terremoto, com magnitude de 1,8, considerada baixa, foi registrado entre Amargosa e São Miguel das Matas, cidades do Recôncavo da Bahia, na tarde desta quarta-feira (2). Segundo o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a situação foi registrada por volta de 13h40.
“Aconteceu agora há pouco. Não foi intenso quanto os anteriores. Agora à tarde aconteceu, sim. Foi muito rápido, foi questão de segundos e só foi um”, disse Magno Bastos, morador de São Miguel das Matas.
O primeiro caso de tremor relatado por moradores da Bahia, nos últimos dias, ocorreu no sábado (29). Um dia depois, foi registrado um outro terremoto, dessa vez com magnitude alta, de 4,6. Na ocasião, moradores de várias cidades baianas, mas principalmente da região entre o Recôncavo da Bahia e o Vale do Jiquiriçá, sentiram o abalo.
Conforme a Rede Sismográfica Brasileira, o número total de eventos na Bahia, até esta quarta, chegou a 21.
Até a terça-feira (1º), o laboratório de sismologia da UFRN já tinha detectado 17 ocorrências de tremores de terra na Bahia, em um intervalo de quatros dias. Há relatos de abalos também nos estados de Sergipe e Alagoas. A magnitude dos tremores variou entre 1.8 e 4.6.
Por causa da situação, várias imóveis ficaram danificados. Em São Miguel das Matas, cerca de 70 casas tiveram comprometimento na estrutura. Dez famílias precisaram deixar os imóveis. Em Amargosa, cerca de 11 casas foram danificadas. Dez delas vão precisar de reparos.
Em entrevista à TV Bahia, nesta quarta, o prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro, falou da instalação de estações sismológicas no município.
“Tanto a Defesa Civil do Estado quando a UFRN, através do laboratório de sismologia, têm mantido contato com a prefeitura. Com essa parceria, a gente vai fazer um estudo mais aprofundado sobre esse fenômeno. Nessa semana, já teremos instalações de sismólogos para ser instalado em Amargosa”, disse.
“A gente vai ter informações mais rápidas e, com isso, conseguir dar uma atenção mais rápida e eficaz para a população que, porventura, pode sofrer com novos eventos de tremores de terra”, completou.
Ao menos três famílias ficaram desabrigadas em São Miguel das Matas, após o terremoto atingir o município no domingo (30). Em entrevista ao G1, Paulo Sérgio Luz, da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), afirmou que os tremores foram sentidos em mais de 40 cidades do estado.
“Registros de danos provocados pelo terremoto só temos nas cidades de Amargosa, São Miguel das Matas e Mutuípe. Mas os tremores de terra foram sentidos em mais de 40 municípios”, pontuou.
Os terremotos na Bahia começaram na manhã do domingo. O primeiro tremor foi registrado pouco antes das 8h e durou cerca de 20 segundos. Depois, uma nova trepidação, desta vez mais branda, por volta das 8h20. São Miguel das Matas foi uma das mais afetadas.
Na cidade, mais de 50 casas tiveram rachaduras detectadas. Em entrevista ao telejornal Bahia Meio Dia de segunda (31), Zé Renato, prefeito da cidade, pontuou que a Defesa Civil apura os danos causados pelo tremor. Três famílias estão desabrigadas.
“Nossa equipe de Defesa Civil já está em campo. Nós estamos levantando e vamos buscar todo o apoio a eles, colocando as pessoas em aluguéis, se for o caso. E outros vamos contar com a ajuda da Defesa Civil do Estado (Sudec) com o apoio financeiro para recuperar todas as casas”, contou.
Além de São Miguel das Matas, a cidade de Amargosa, que voltou a registrar tremores na madrugada de segunda, também teve danos. Por lá, até uma Igreja de Senhor do Bonfim foi atingida.
“Essa parte daqui é a parte que fica a torre da igreja. É uma parte pesada, por sinal. O tremor rachou essa parte toda. E rachou lá em cima. É preciso também que seja feita uma avaliação nessa torre porque é um local que tem as festividades religiosas. Muita gente sobe nas torres”, disse um morador da cidade.
Ainda de acordo com Paulo Luz, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado (Sudec) já entrou em contato com os prefeitos para pedir relatório. A expectativa é de que o estado receba apoio da Defesa Civil Nacional.
“Entramos em contato com os prefeitos dos municípios, solicitamos um relatório técnico dos danos provocados em todas as residências, rachaduras e fissuras, e, aí sim, vamos poder ajudar essas famílias que foram afetadas pelo tremor. Tanto a Defesa Civil Estadual quanto a nacional, nos ajudará”, falou.
O superintendente comentou que, a qualquer momento, pode haver registro de novo tremores. Mas pediu calma para a população.
“É uma característica do nordeste. Quando ocorre um tremor de terra, ocorrem por vários dias. A gente quer, desde já, tranquilizar a população baiana que esses novos tremores não vão causar colapso, desastre, tragédia”, falou.
Na tarde de segunda, vários moradores disseram que sentiram a terra terra tremer, outra vez, em Amargosa. De acordo com eles, foram dois temores, no intervalo de 15 minutos, menores ao registrado na madrugada.
Por causa dos tremores, a barragem Pedra do Cavalo, que fica entre as cidades baianas de Governador Mangabeira e Conceição da Feira, passou por uma inspeção extra, no domingo (30), após os terremotos que aconteceram na região. Conforme a Votorantim Energia, empresa responsável pela administração do equipamento, nenhuma anormalidade foi encontrada.
Segundo informações da Votorantim Energia, responsável pela barragem, embora o epicentro do abalo sísmico estar a cerca de 100 km de distância da estrutura, a medida foi tomada por segurança. Não houve danos à barragem e o equipamento continua operando dentro da normalidade, informou a Votorantim.
Há cerca de 10 dias, moradores de Cachoeira, que também fica no Recôncavo Baiano, também relataram tremores de terra. O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) informou que o fenômeno ocorreu na cidade de São Félix, vizinha a Cachoeira, e teve magnitude de 1,6.
No mês de julho, um terremoto de 3,5 de magnitude foi registrado na região do litoral sul da Bahia. O tremor aconteceu na altura da cidade de Ilhéus e também foi registrado por sismólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que fazem o monitoramento. (G1/BA)