O número de mortes por Covid-19 entre idosos de 85 a 89 anos na cidade de São Paulo caiu 51,3% entre janeiro e fevereiro de 2021, segundo dados preliminares da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) obtidos com exclusividade pelo G1.
Os dados, que contemplam casos em todas as unidades de saúde, sejam elas municipais, estaduais, privados ou filantrópicos da capital paulista, mostram que as mortes dos idosos desta faixa etária recuaram de 146, em janeiro, para 71, no mês passado.
Para especialistas, a redução pode ser reflexo das vacinas, que começam a fazer efeito até 15 dias após a aplicação. A Prefeitura de São Paulo começou a imunização dos idosos entre 85 e 89 anos contra a Covid-19 no dia 11 de fevereiro.
A quantidade de vítimas da Covid-19 em fevereiro não foi a menor registrada desde o ano passado – em setembro e em outubro de 2020 foram contabilizadas 70 e 57 mortes, respectivamente, mas, desta vez, o registro acontece em um contexto de recorde de casos e óbitos no município, e não em um momento de arrefecimento da contaminação.
Nesta terça-feira (16), São Paulo registrou 679 novas mortes por Covid-19, maior número desde o início da pandemia.
O primeiro recorde de internações por Covid-19 no estado de São Paulo na segunda onda da doença ocorreu justamente em meados de fevereiro, e a semana passada foi a pior desde o início da pandemia, com média de 364 óbitos por dia.
Além disso, a queda de 51,3% do número de óbitos nesta faixa etária de um mês para o outro é a maior na cidade desde o início da pandemia – antes disso, a maior queda havia sido de 42,6%, de agosto para setembro de 2020.
Os números de internações e casos em idosos entre 85 e 89 anos também tiveram uma queda acentuada.
Dados preliminares
Questionada, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde, reforça que “os dados devem ser avaliados com cautela, pois, os números de fevereiro ainda são provisórios e atualizados constantemente e retroativamente” – os dados preliminares chegaram a indicar queda de 70% entre janeiro e fevereiro nos óbitos de idosos com mais de 90 anos; após atualizações, os números indicaram queda de 55,8%.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, também já alertou que a redução dos casos e das mortes será progressiva, e que os resultados mais concretos poderão ser verificados em maio.
Para o infectologista do Hospital das Clínicas Álvaro Furtado da Costa, a vacina é o único fator novo que pode indicar queda de mortes nesta faixa etária em meio a recorde de óbitos.
“Estamos em um momento de crescimento dos casos e das mortes pela Covid desde o início de janeiro, e, desde o começo da pandemia, a gente tem dito que os idosos são os mais vulneráveis à doença. Eles obviamente são os mais resguardados e isolados. Com a chegada da vacina, essa proteção foi redobrada. Então, se a gente separar os fatores novos dessa conta, a vacina foi o único fator novo, além do isolamento, o que pode nos indicar, sim, que a vacina é tudo aquilo que há meses a gente defende, assim como o isolamento, que também é importantíssimo”, disse.
Em janeiro, o Instituto Butantan afirmou que a eficácia da CoronaVac é total contra mortes, casos graves e internações, pode reduzir pela metade (50,38%) os novos registros de contaminação e também a maioria (78%) dos casos leves, que exigem algum cuidado médico.
Os dados preliminares da Prefeitura de São Paulo também coincidem com outros dados de efetividade das vacinas contra o coronavírus em outros países e estados brasileiros – no Reino Unido, as vacinas da Pfizer e da AstraZeneca mostraram mais de 80% de eficácia para prevenir hospitalizações; no Pernambuco, um levantamento da Secretaria Estadual de Saúde mostrou diminuição no número de solicitações de leitos de UTI para idosos com mais de 85 anos após o início da vacinação. (G1)