Uma pregadora de rua acusada falsamente de ameaçar esfaquear não crentes conseguiu uma importante vitória na Justiça ao ter o caso rejeitado pelo tribunal. Agora, ela pretende processar a Polícia.
A pregadora de rua Hazel Lewis, 49 anos, ciente de que há uma intensa perseguição aos cristãos, decidiu passar a gravar seus sermões feitos ao ar livre. E essa decisão a proporcionou provar que a Polícia Metropolitana de Londres havia cometido um abuso de autoridade contra ela.
Hazel estava pregando do lado de fora da estação de metrô Finsbury Park, na região norte de Londres no dia 12 de fevereiro de 2020, quando a Polícia foi acionada para atender a uma ocorrência de uma mulher que teria feito uso de linguagem ameaçadora e feito uma criança chorar.
Na ocasião, Hazel foi provocada por um homem que assistia sua pregação e respondeu dizendo a ele que ele era “um advogado de satanás” e acrescentou: “Eu te repreendo em nome de Jesus”.
Em seguida, ela disse aos demais que assistiam sua pregação que eles deveriam estar mais preocupados com os crimes com faca na vizinhança do que com sua mensagem pacífica embasada na Bíblia Sagrada.
Essa afirmação foi o suficiente para que três pessoas que a ouviam dissessem à Polícia que ela havia dito que pecadores deveriam ser esfaqueados. Os policiais, então, aplicaram um artigo da Lei de Ordem Pública – que se refere a comentários racistas e homofóbicos – e a prenderam.
A pregadora de rua sustentou em seu depoimento que não havia feito nenhuma afirmação como a que acusavam-na de ter feito e usou a gravação da pregação como prova. Diante dos fatos, a Polícia insistiu no caso e mudou as acusações, indiciando-a por violação de um artigo que se refere a assédio, alarme e angústia.
Julgamento
O tribunal colheu o depoimento de um policial que ficou responsável por analisar a gravação da pregadora de rua. Ele relatou que uma pessoa que ouvia as pregações parecia estar provocando Hazel, para faze-la cair numa armadilha e fazer afirmações sobre a homossexualidade.
No entanto, disse o policial, a pregadora de rua “se recusou a morder a isca”, e acrescentou: “Em nenhum momento você a ouve fazer qualquer comentário homofóbico ou racista contra alguém” […] Ela em nenhum momento durante a gravação está pedindo o esfaqueamento ou assassinato de qualquer grupo com base em sua falta de crença religiosa”.
Esse depoimento do policial que analisou a gravação foi essencial para a sentença proferida pela juíza Julia Newton, que pontuou que não havia nada que se encaixasse no artigo que tipifica o crime de assédio, alarme e angústia, e portanto, a ré não era culpada.
“A ré teria dito ‘você é um advogado de satanás e eu o repreendo em ‘nome de Jesus’. Não acho essas palavras ameaçadoras. Essas palavras foram certamente discordantes. Não acho que foram abusivas a qualquer um”, disse a juíza.
“Além disso, em relação à angústia, é claro que [uma testemunha] ficou incomodada e as considerou desagradáveis. Disse que outras pessoas estavam angustiadas. Disse que estava angustiada e achou essas palavras desagradáveis. [Isso] não equivale a assédio, alarme ou angústia”, avaliou Newton.
“Além disso, não há evidências do motivo do choro das crianças. Embora houvesse muito barulho, havia muitas coisas que poderiam ter levado as crianças a chorarem. Acho que não há caso para responder”, encerrou.
Hazel Lewis disse que estava “encantada” por ter seu nome limpo após uma batalha de 18 meses: “Quando a Polícia chegou, apesar de eu ter dito a eles que as alegações eram falsas, eles ainda me prenderam sem qualquer evidência além de membros do público que queriam me silenciar e distorcer o que eu estava dizendo”, disse ela.
Perseguição
A pregadora de rua garantiu que “não estava chocada” por ter sido acusada, apesar da falta de provas, e que acreditava que a polícia “estava determinada a me processar de qualquer maneira”.
“Os pregadores de rua são atualmente alvos fáceis para a polícia e muitos de nós estamos sendo ilegalmente multados, presos e processados em vez de receber a mesma proteção e apoio que todos os cidadãos cumpridores da lei têm direito e deveriam estar confiantes em esperar”, disse ela.
“Estou preocupada com o que teria acontecido comigo se eu não tivesse a gravação de áudio”, pontuou, antes de desabafar: “Tudo o que eu fazia era pregar o Evangelho de Jesus Cristo e fui presa por isso”.
Sua experiência negativa não a intimidou, garantiu: “Há perigos nas ruas – tive urina jogada em mim e fui ameaçada, mas os cristãos são chamados a pregar o Evangelho da Salvação e esperança em qualquer situação, não importa o quão difícil seja, então não tenho medo”.
A diretora da entidade Christian Legal Centre, Andrea Williams, foi responsável pela defesa de Hazel e afirmou que cristãos estão sendo presos e processados por “exercer legalmente suas liberdades cristãs”.
“A gravação de áudio revela uma mulher cristã apaixonada e corajosa que declara a esperança do Evangelho […] Desde a virada do século, temos visto uma escalada preocupante nas prisões de pregadores de rua, apesar de fortes precedentes legais sendo abertos em defesa de suas liberdades”, acrescentou, segundo informações do portal Christian Today.
Via Gospel+ / por Tiago Chagas