
Por que será que Sigmund Freud continua a marcar presença no nosso cotidiano e nas manifestações culturais? Ideias como ato falho, complexo de Édipo, “sexualidade reprimida” e “negação”, usadas de maneira equivocada, estão o tempo todo por aí.
O jornalista e pesquisador Alexandre Carvalho, então, ajuda a entender as tantas confusões que fazemos no dia a dia, em “Freud sem traumas” (LeYa Brasil). Descomplicar as principais teorias de Freud e corrigir mitos associados ao pensador austríaco é o objetivo do livro. Mas a obra vai além.
Alexandre Carvalho ainda explica para o público não especializado como o pai da psicanálise segue mais perto do mundo contemporâneo do que se imagina: desde sua influência na criação do marketing moderno e da nossa visão da sexualidade até, por exemplo, na explicação dos impulsos destrutivos do indivíduo em sociedade, que podem se manifestar em fenômenos de massa (como no nazismo e em movimentos recentes no Brasil e em outros países).
O autor propõe uma jornada de autoconhecimento, “afinal, sonhos, sexualidade, emoções e conflitos de personalidade são o material sofisticado de que somos feitos — o estofo da nossa própria humanidade, e elucida muitas das questões da sociedade atual”.
Para Alexandre Carvalho, rever as ideias de Sigmund Freud — cujo legado terapêutico se impõe em tempos tão à flor da pele — é indispensável num planeta que bate recordes de distúrbios emocionais como ansiedade e depressão, seja pela pandemia, seja pela quebra de autoestima provocada pelas redes sociais. Como caminhar na descoberta de quem somos, então?
“Seria o Instagram um portal de acesso ao nosso inconsciente? Quanto de neurose, atos falhos e perversões é possível adivinhar numa selfie?”, provoca o autor, ao apontar a psicoterapia como antídoto à ilusão das redes e garimpo do eu verdadeiro e (sempre) imperfeito.
Com um texto embasado em vasta pesquisa, ao mesmo tempo acessível e atraente, e com pitadas de humor inteligente, este livro vai ajudar o leitor a entender de vez conceitos como interpretação dos sonhos, id, ego e superego, o desenvolvimento da sexualidade na mente humana, perversões, pulsão de morte e o mal-estar do indivíduo em meio às exigências da vida em sociedade… além dos pilares da psicanálise como terapia, que apontou caminhos para todas as que vieram depois dela. (UOL)