Morreu nesta sexta-feira (4) o jornalista e colunista da Folha de S.Paulo Edgard Alves, vítima de infarto aos 73 anos.
Ao longo de sua trajetória no jornalismo, Edgard participou da cobertura in loco de sete Olimpíadas (Montréal-1976, Moscou-1980, Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Rio-2016) e de quatro edições de Jogos Pan-Americanos.
Nascido em Botucatu (SP), ele iniciou sua trajetória na Folha de S. Paulo em dezembro de 1967 e era um dos colaboradores mais antigos do jornal. Atuou como repórter e chefe de reportagem e estreou como colunista há exatos dez anos, em 4 de fevereiro de 2012.
“A ideia da coluna é acompanhar, do ponto de vista estritamente jornalístico, sem mau humor, todo o movimento na área dos esportes olímpicos”, afirmou na ocasião.
Dono de um conhecimento multiesportivo raro, Edgard era capaz de discutir em detalhes a atuação de um atleta ou o bastidor político de uma decisão tomada em alguma confederação. Gostava especialmente de basquete, atletismo e boxe. Tinha um arsenal de histórias para contar, do esporte e da própria Folha de S. Paulo.
Na Redação do jornal, era conhecido pela generosidade, pela gentileza e pela integridade. Ensinava pacientemente as novas gerações e defendia ardorosamente pontos que julgava importantes para a cobertura esportiva, como a publicação de fichas técnicas das partidas.
Sua última coluna na Folha de S. Paulo saiu na segunda-feira (31) e tratou dos preparativos para os Jogos de Inverno de Pequim-2022, que tiveram sua cerimônia de abertura realizada justamente nesta sexta.
Fora do esporte, gostava de falar sobre sua participação na cobertura do incêndio do edifício Joelma, em 1974. Edgard conseguiu entrar no prédio, próximo à Folha de S.Paulo. “Naquele dia tenebroso eu senti, de fato, a dor de uma catástrofe”, contou ele em um texto publicado no jornal em 2011.
“Pense em alguém sério. Em alguém correto. Em alguém ético. Em alguém competente. Perfeccionista. Intransigente”, escreveu o também colunista da Folha de S. Paulo Juca Kfouri em seu blog no UOL. “Era raro vê-lo sem boina, e absolutamente impossível não encontrá-lo solidário com quem precisasse.”
O Comitê Olímpico do Brasil também lamentou a morte do jornalista. “Conhecido pelos inúmeros amigos que fez no jornalismo pela alcunha de ‘Degas’, tinha paixão pelo basquete. Gostava de contar histórias de épocas importantes da modalidade, como os anos 1970, 1980 e 1990, e de passagens com grandes nomes das quadras. Mas também distribuía conhecimento sobre todos os demais esportes olímpicos”, diz a nota do comitê.
“Edgard foi um mestre para gerações de jornalistas esportivos, especialmente os que se especializaram nos esportes olímpicos. Generoso, ensinou muitos profissionais durante anos, décadas. E eu me incluo entre seus alunos. Graças a ele, temos jornalistas mais bem preparados para escrever, falar, analisar e cobrir outros esportes além do futebol”, afirmou Renato Ribeiro, diretor de esportes do Grupo Globo.
Edgard deixa dois filhos, Aline e Leandro, dois netos, Pietra e Victor, e a esposa, Iara.