O governador Rui Costa (PT) e o seu vice, João Leão (PP), são os maiores derrotados com a reconfiguração da chapa governista que prevê a permanência do primeiro no governo e do segundo excluído da disputa, anunciada hoje pela manhã pelo senador Jaques Wagner (PT).
A primeira mudança, com a retirada da candidatura a governador de Wagner em favor da do colega senador Otto Alencar (PSD), fora provocada pela decisão de Rui de insistir em concorrer ao Senado, alegando que não poderia ficar sem mandato, ainda mais com índices tão elevados de aprovação no governo.
A solução contentava imensamente o vice-governador e seu partido já que ele não pode mais concorrer à vice e não disputaria o Senado, mas assumiria o governo, conduzindo a gestão estadual pelos próximos oito meses, a partir de 1º de abril, uma situação com a qual Wagner – é sabido no PT – jamais concordou.
Como sempre alertou que a presença de dois nomes do PT na chapa e de Leão no governo desarrumaria o grupo para a sucessão, Wagner não teve jeito senão recuar, apontando o nome de Otto para assumir seu lugar na chapa, o que o senador, a despeito dos apelos, negou-se a aceitar.
Para desistir, nas inúmeras reuniões que promoveu com setores do PT para justificar a decisão, Wagner alegou que nunca desejara de fato concorrer e que colocara seu nome apenas para manter o grupo coeso uma vez que Rui não conseguira preparar um nome para a sucessão.
Agora, mudando a direção, argumenta que precisará ter papel importante na organização da campanha do ex-presidente Lula. Todas as justificativas para sua desistência apresentadas pelo senador jamais convenceram o público petista de deputados, lideranças e militantes.
Mas eles nunca deixaram de perceber uma espécie de pegadinha na estratégia do senador quando anunciou, para surpresa geral, que não seria candidato ao governo. Wagner apresentou o nome de Otto para substitui-lo,ç mas liberou o PT para apresentar candidato próprio, e até, de certa forma, estimulou os petistas nesta direção.
Foi a senha para setores do PT caírem para cima da ideia de apresentar um nome do partido para concorrer, apavorados com a entrega do governo com nove meses de antecedência a um político do PP sem o menor compromisso com as bandeiras do partido e, na outra ponta, deflagrarem um processo para amedrontar Otto.
O senador do PSD também ficara estupefacto com sua escolha para disputar a sucessão, alegando que não se preparara, não estudara e nem tinha condições financeiras para enfrentar a empreitada, além de ter passado a fazer exigências de se tornar um nome consensual do grupo – e do PT – na disputa.
No fundo, tinha medo de assumir o desafio e ser largado na pista, pavor com que os petistas passaram a trabalhar ao se movimentarem em torno da candidatura própria para dissuadi-lo de concorrer, no que acabaram sendo muito bem sucedidos. A tudo Wagner assistiu de camarote até ter feito o anuncio de hoje pela manhã.
Ao final, ele não será candidato a governador, mas também Rui não disputará o Senado, ficando sem imunidade, e Leão não poderá assumir o governo. Se houve, como se diz no PT, uma queda de braço com Rui e Leão, Wagner a venceu. Detalhe: quem teve a primazia de dizer como ficou a chapa ainda em formação foi ele. (Política Livre)