Oficialmente erradicada do Brasil desde 1994, a Poliomelite pode reaparecer no país. O alerta é do pesquisador Fernando Verani, epidemiologista da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz).
O principal motivo para a avaliação é a baixa cobertura vacinal. Desde 2015, o Brasil não atinge a meta de imunização de 95% do público-alvo, patamar considerado necessário para que a população esteja protegida da doença.
A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa que pode provocar sintomas que vão desde um resfriado comum até problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível. A doença é causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo.
Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), a cobertura vacinal com as três doses iniciais da vacina contra a pólio está muito baixa. Em 2021, apenas 67% do público-alvo foi vacinado. Com as doses de reforço (a gotinha) a cobertura é ainda menor: apenas 52% das crianças foram vacinadas. Nas regiões Nordeste e Norte, a situação é ainda pior, com percentuais de 42% e 44% respectivamente, para a imunização completa com as cinco doses necessárias.
“Enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar do planeta, há o risco de importação da doença. É um vírus perigoso e de alta transmissibilidade, mais transmissível do que o Sars-CoV-2, por exemplo. Estamos com sinal vermelho no Brasil por conta da baixa cobertura vacinal, e é urgente se fazer algo. Não podemos esperar acontecer a tragédia da reintrodução do vírus para tomar providências”, afirmou Fernando Verani.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza dois tipos de vacina para a imunização da pólio: a inativada e a atenuada. A inativada é aplicada em bebês em doses aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já a atenuada é aplicada no reforço da imunização e administrada em gotas por via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade.