A profunda crise atravessada pela Hillsong Church desde que seu fundador, Brian Houston, se desligou sob acusações de má conduta, acaba de ganhar um novo capítulo: uma funcionária da igreja afirmou em um processo que ofertas foram desviadas para o bolso do pastor Houston.
Antes de os escândalos que abalaram os alicerces da Hillsong Church virem à tona, Brian Houston exibiu orgulhoso um “registro de excelência em responsabilidade financeira global” da igreja, afirmando que esse era um símbolo do “compromisso inabalável com a integridade financeira”.
Depois vieram à tona acusações diversas contra Houston, que num primeiro momento se licenciou do cargo de pastor-presidente, mas posteriormente acabou renunciando à função, desligando-se completamente da Hillsong, mas prometendo voltar no futuro quando tivesse resolvido seus problemas, incluindo o alcoolismo.
Agora, uma funcionária que foi suspensa de sua função na igreja está processando a Hillsong por supostos descumprimentos da legislação trabalhista na Austrália, onde está a sede da denominação, e acusou a direção de fazer desvios de ofertas e repassa-las para o pastor fundador.
Natalie Moses afirmou ao tribunal que “grandes presentes em dinheiro” foram dados para Brian Houston, sua família e outros líderes da igreja, de acordo com informações do portal The Christian Post.
A Comissão Australiana de Caridades e Sem Fins Lucrativos (ACNC) está investigando a igreja desde março para verificar se a organização cumpre a legislação local que rege a operação de instituições de caridade.
Nessa época, Natalie alega que o diretor financeiro da Hillsong, Peter Ridley, disse aos funcionários do departamento que “Deus protege os justos e a Hillsong é a justa”, e em seguida teria solicitado a ela que montasse relatórios para a investigação da ACNC.
Diante da situação, Natalie procurou o ACNC para fazer uma denúncia anônima, e foi aconselhada a falar com um advogado. Em seu processo, ela alega que a igreja está envolvida em muitas práticas financeiras questionáveis, algo que seu advogado, Josh Bornstein, corrobora.
As acusações contra a Hillsong incluem que os líderes disfarçavam ilegalmente as transferências internacionais fazendo pagamentos para si próprios por meio das filiais nos EUA.
De acordo com o processo, Natalie Moses foi contratada como coordenadora de angariação de fundos e governança da igreja em 25 de março de 2020. Entre suas responsabilidades estava garantir que o “Grupo Corporativo Global Hillsong” cumprisse a Lei Australiana de Caridade Sem Fins Lucrativos.
O processo alega que auditorias internas descobriram registros financeiros questionáveis que provavelmente não cumpririam a legislação australiana. Juntamente com as alegações de que os líderes da igreja fizeram doações “significativas” para os diretores da igreja e suas famílias e amigos, Natalie disse que usaram cartões de crédito da igreja para pagar viagens internacionais e produtos de grife.
A funcionária afirma que ela foi suspensa depois de se recusar a mentir para os fiscais sobre as transações no exterior da Hillsong Church: “Há acusações muito sérias que nosso cliente faz sobre a Hillsong efetivamente enganar uma investigação [da] ACNC”, disse o advogado da funcionária.
“Há preocupações de que os contribuintes australianos estejam sendo roubados pela Hillsong. Além disso, [as acusações] também levantam questões morais e éticas sobre a conduta de uma instituição religiosa e o que parece ser uma cultura cowboy operando dentro desse império”, acrescentou.
Os advogados da Hillsong Church disseram que não comentarão as acusações porque o caso está agora perante o tribunal: “Somos ainda instruídos de que a Hillsong continua trabalhando com as investigações feitas pela ACNC”.
Gospel Mais / Tiago Chagas