A questionável linha de defesa do advogado Otto Lopes foi repudiada pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara Municipal de Salvador. A coluna teve acesso, em primeira mão, à nota do colegiado. Otto defende Ederlan Mariano, acusado de matar a esposa Sara Mariano, cujo corpo foi encontrado parcialmente carbonizado em um matagal, no município de Dias d’Ávila, na semana passada. O caso ganhou repercussão nacional.
Ao defender o cliente, Otto traz elementos que mancham a reputação da vítima. Segundo o advogado, Sara teria traído Ederlan algumas vezes. Nas entrevistas concedidas à imprensa, o advogado insiste em trazer à tona supostos casos extraconjungais de Sara. Em 1º de agosto deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucional a famigerada tese da legítima defesa da honra em crimes de feminicídio ou de agressão contra mulheres.
Linha de defesa “ultrapassada e “cruel”
Em nota, a Comissão da Mulher da Câmara, presidida pela vereadora Ireuda Silva (Republicanos), diz ser “inadmissível a tentativa de atribuir a motivação de um crime tão bárbaro a supostas relações extraconjugais por parte da vítima, que sequer pode se defender”. A linha de investigação abraçada por Otto Lopes é, segundo o colegiado, tão ultrapassada quanto cruel. Por fim, as vereadoras que compõem a comissão pedem que a Justiça “esteja atenta ao caráter de tais estratégias e cumpra seu papel, agindo com o rigor que o caso requer”.
(Bnews)