“Babygirl” gera reações polarizadas no Festival de Veneza; Nicole Kidman brilha em papel ousado

O longa, que disputa o Leão de Ouro, fala sem comedimento de sadomasoquismo, prazer feminino, infidelidade conjugal e abuso de poder

Foto: Divulgação

Na primeira exibição para a imprensa do Festival de Veneza, o filme “Babygirl” provocou reações intensas e divididas. Com uma recepção marcada por vaias e aplausos, o longa dirigido pela holandesa Halina Heijn promete ser um dos pontos de debate mais quentes do festival.

O filme, que concorre ao Leão de Ouro, é um mergulho audacioso em temas como sadomasoquismo, prazer feminino, infidelidade conjugal e abuso de poder. Nicole Kidman, que estrela o projeto, interpreta Romy, uma bem-sucedida diretora de uma empresa de robótica, que enfrenta uma vida sexual insatisfatória apesar de seu sucesso profissional e familiar. Casada há 19 anos com um diretor de teatro interpretado por Antonio Banderas, Romy nunca conseguiu ter um orgasmo com seu marido, o que a leva a explorar suas fantasias sexuais de forma solitária até que conhece Samuel, interpretado por Harris Dickinson.

Enredo e Temas

“Babygirl” explora a complexidade do desejo feminino e a dinâmica de poder nas relações sexuais, refletindo temas similares aos encontrados em “A Professora de Piano” e “Tár”. No entanto, o filme se diferencia por seu tom menos opressivo e sua abordagem um pouco mais leve, apesar de sua temática intensa. Halina Heijn mistura momentos de humor com uma narrativa que, embora audaciosa, procura evitar o sensacionalismo, focando mais na dinâmica de poder e menos na nudez explícita.

O longa-metragem se destaca pela forma como apresenta a protagonista, oferecendo um retrato nuançado e complexo de Romy, que exibe comportamentos questionáveis tanto na vida conjugal quanto no ambiente profissional. O filme defende claramente o direito de Romy ao prazer e à autoexploração, sem julgar suas escolhas.

Performance e Recepção

Nicole Kidman entrega uma performance impressionante como Romy, mostrando uma habilidade notável em retratar a ambivalência e a complexidade emocional de sua personagem. Sua atuação é considerada uma das mais ousadas e sofisticadas de sua carreira, e pode colocá-la em destaque para premiações futuras.

Enquanto isso, o argentino “El Jockey”, dirigido por Luis Ortega, que também está competindo pelo Leão de Ouro, teve uma recepção mais morna. O filme, estrelado por Nahuel Pérez Biscayart, gira em torno de um jóquei viciado em álcool e narcóticos, financiado por mafiosos. Embora tenha sido aclamado por sua estética e estilo visual, a comédia pretendida do filme não ressoou com todos, resultando em uma reação mais reservada.

O Festival de Veneza está claramente servindo como palco para debates acalorados sobre temas controversos e performances poderosas. “Babygirl” de Halina Heijn, com a presença estelar de Nicole Kidman, se destaca como um filme que desafia e provoca, prometendo ser um tópico de discussão fervoroso no circuito de festivais e, potencialmente, na temporada de premiações.

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