Relatório da PF aponta que general mobilizou golpistas para criar ‘cenário caótico’ 2 dias antes de diplomação de Lula

No dia da diplomação de Lula, em 12 de dezembro, atos golpistas em Brasília culminaram em tentativas de invasão à sede da Polícia Federal, incêndios de veículos, ataques a um ônibus e tentativas de espalhar botijões de gás pela cidade.

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Contas de WhatsApp ligadas ao general da reserva Mario Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), foram identificadas pela Polícia Federal como responsáveis por enviar mensagens que buscavam criar um “cenário caótico” em Brasília, dois dias antes da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.

A tentativa visava forçar as Forças Armadas a intervir no processo eleitoral.

O comunicado, que foi compartilhado amplamente por WhatsApp, convocava manifestantes para uma grande mobilização em 10 de dezembro de 2022, alegando que o Brasil precisaria de um “cenário caótico” para que a intervenção militar fosse uma solução. A diplomação de Lula foi antecipada para 12 de dezembro, após protestos golpistas em frente a quartéis, e o texto indicava que a situação exigiria a convocação das Forças Armadas.

O texto incluía uma orientação clara para que as mensagens fossem enviadas individualmente e apagadas depois, com a intenção de evitar rastros e dificultar a investigação: “Depois de mandar essa mensagem e se certificar de que as pessoas a receberam, apague-a. Para que não fique registrado em nenhum WhatsApp. Chegou a hora, povo brasileiro”, dizia o comunicado.

De acordo com o relatório da PF, a movimentação foi associada a contas de WhatsApp vinculadas diretamente a Mario Fernandes, sugerindo que ele teria tido a intenção de preservar o conteúdo e evitar a identificação de quem estava por trás da organização.

No dia da diplomação de Lula, em 12 de dezembro, atos golpistas em Brasília culminaram em tentativas de invasão à sede da Polícia Federal, incêndios de veículos, ataques a um ônibus e tentativas de espalhar botijões de gás pela cidade. Além disso, manifestantes cercaram o hotel onde o presidente eleito estava hospedado, gerando caos e violência.

google news