Ex-comandante do 24º BPM é denunciado ao Ministério Público da Bahia por assédio sexual e moral por major e soldadas

Caso envolvendo o tenente-coronel Élson Pereira foi encaminhado ao MP e à Corregedoria da PM; militares relatam constrangimentos e ameaças veladas

Foto: Reprodução/Almiro Lopes/CORREIO

O tenente-coronel Élson Cristóvão Santos Pereira, ex-comandante do 24º Batalhão da Polícia Militar (Brumado), foi denunciado por assédio sexual e moral por uma major e duas soldadas. As denúncias foram feitas ao Ministério Público da Bahia (MPBA) e à Polícia Militar da Bahia (PMBA) em novembro de 2024. A Corregedoria da PM abriu uma sindicância para apurar o caso em janeiro deste ano.

Os relatos apontam que os episódios de assédio começaram em março de 2024, incluindo comentários de cunho sexual sobre pernas, coxas e lábios das militares, convites para encontros pessoais e desqualificação profissional na presença de outros colegas. As situações teriam ocorrido no quartel, em eventos oficiais e até em confraternizações.

Uma das vítimas, major e coordenadora de Suporte Operacional do 24º BPM, relatou que, após ser elogiada pelo trabalho, passou a receber comentários inapropriados do então comandante, como elogios ao corpo e convites para encontros. Outra vítima, uma soldada, contou ter sido abordada com comentários sobre sua aparência, também na presença de outros militares. Um terceiro episódio de assédio foi registrado durante um curso de capacitação.

Segundo as vítimas, os assédios geraram constrangimento agravado pela hierarquia militar. Após a divulgação dos relatos em grupos de mensagens, o subcomandante do batalhão, Marcelo Souza Lima, teria sugerido “abafar o caso”, segundo os depoimentos.

O MPBA, que apura o caso, declarou que o procedimento investigatório é sigiloso. No âmbito interno, o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) é conduzido pelo coronel Paulo Henrique Rocha Guimarães.

A advogada das vítimas, Tayanne Correia, destacou que casos de assédio na esfera militar são recorrentes, impulsionados pela sensação de impunidade e ameaças veladas às denunciantes. Segundo ela, as vítimas estão em tratamento psicológico.

Após a repercussão das denúncias, Élson Pereira foi exonerado do comando do 24º BPM em dezembro de 2024 e, no mesmo dia, nomeado para uma função técnica no Departamento Pessoal da PM. Procurado, ele afirmou, por mensagem, que os assuntos relativos a ele estão sendo tratados institucionalmente.

O CORREIO também solicitou dados sobre denúncias de assédio na PMBA nos últimos quatro anos, mas não obteve resposta até a publicação.

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