O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu nesta terça-feira (15), aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo atual presidente do país, Yamandú Orsi.
Mujica estava em estado terminal e sob cuidados paliativos, conforme havia informado sua esposa, a ex-primeira-dama Lucía Topolansky, nos últimos dias.
Nascido em 1935, em Montevidéu, Mujica teve uma trajetória marcada pela resistência à ditadura e pelo compromisso com causas sociais.
Ingressou na política pelo tradicional Partido Nacional, mas foi como fundador do Movimento de Libertação Nacional, Tupamaros, grupo guerrilheiro de esquerda, que se consolidou como figura de destaque na história política do país.
Durante o regime militar, foi preso e torturado, passando mais de uma década encarcerado. Após a redemocratização, retornou à vida pública e, em 2010, foi eleito presidente do Uruguai, cargo que ocupou até 2015.
Seu governo ficou marcado por iniciativas progressistas como a legalização do aborto, da maconha e do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Internacionalmente, Mujica ganhou reconhecimento não apenas por suas políticas, mas pelo estilo de vida austero. Recusava luxos, morava em uma chácara na periferia de Montevidéu, dirigia um Fusca e doava boa parte do salário presidencial, mais de R$ 1 milhão, para programas sociais. Essa postura lhe rendeu o apelido de “presidente mais pobre do mundo”.
Defensor de uma vida menos consumista, Mujica era uma das principais vozes da esquerda na América Latina. Seu legado permanece como símbolo de coerência entre discurso e prática, simplicidade no poder e compromisso com a justiça social.