O advogado Ruthson Dourado Castro, defensor do empresário agrícola Dirceu Di Domenico, nega qualquer tipo de relação de seu cliente com a execução do agricultor Paulo Antonio Ribas Grendene, 62 anos. Levantou-se a suspeita porque, em setembro do ano passado, Grendene apresentou uma denúncia contra Domenico por tentativa de invasão das terras. O fato foi denunciado na delegacia regional de Barreiras, no oeste do estado.
Segundo Ruthson, havia uma discussão com Grendene relativa à posse de uma área de dois mil hectares, aproximadamente do tamanho de 2 mil campos de futebol, na região de Coaceral, no município de Formosa do Rio Preto, no extremo oeste da Bahia. O advogado afirma que a situação já estava pacificada, pois, desde 2019, foram feitos dois acordos com pagamento em dinheiro e parte da produção para garantir o plantio e a colheita nas terras em litígio.
A disputa começou depois da deflagração da Operação Faroeste, em novembro de 2019, que suspendeu a validade da documentação relativa a posse de mais de 300 mil hectares na região do Coaceral, que teriam sido negociados em um esquema de venda de decisões judiciais por desembargadores e juízes para favorecer grileiros, pessoas que falsificam documentos para, ilegalmente, tomar posse de terras.
No próximo dia 21 haverá o julgamento de um mandado de segurança no Tribunal de Justiça que discute a posse das áreas investigadas na Operação Faroeste.
Coaceral – Ruthson explica que existe um litígio em relação à região do Coaceral há 30 anos entre José Valter Dias e Alberto Yutaro Okamoto. O seu cliente comprou cerca de 10 mil hectares de Okamoto há 30 anos, quando veio do Paraná. Em 2015, comprou uma área de dois mil hectares nas mãos de José Valter Dias, que teria sido beneficiado no esquema de venda de sentença investigado na Operação Faroeste.
“Com a deflagração da Operação Faroeste, a justiça suspendeu a validade da documentação das terras de José Valter Dias e consequentemente meu cliente foi afetado. Dirceu não sabia que essas terras foram adquiridas por José Valter no esquema de venda de sentença”, afirma o advogado.
O advogado diz que seu cliente é investigado na Faroeste pela compra desses dois mil hectares, mas que já prestou esclarecimentos à Justiça e até hoje não foi apresentada nenhuma denúncia contra ele por parte do Ministério Público Federal (MPF).
Disputa – Conforme relato de Ruthson, com a suspensão da validade da documentação das terras em 2019 pela Faroeste, Paulo Grendene apareceu alegando a posse dos dois mil hectares comprados por Dirceu em 2015.
“Com a área toda plantada no final de 2019, Grendene apareceu e fizemos um acordo com o pagamento de R$ 600 mil. Depois da queixa que ele deu em setembro do ano passado, foi feito um novo acordo onde ficou definido que ele plantaria em 400 hectares e pagamos ainda mais R$ 50 mil”, explicou o advogado.
Ruthson afirma que apesar do litígio, a relação estava boa entre as partes depois dos acordos realizados. “Não temos nenhum interesse na morte do Grendene e tenho certeza que a polícia vai esclarecer esse crime brutal. Meu cliente emprega mais de 200 pessoas, é um grande produtor rural na região e acaba sendo afetado também com essa situação”, declara o advogado.
Em nota, a Polícia Civil informou que continua investigando o caso, mas a motivação e autoria ainda não foram definidas. (Metro1)